Omar Nasser, da Fiep*
Curitiba – A indústria brasileira quer ampliar a exportação de café torrado e moído. O objetivo é agregar valor à produção nacional e aumentar a receita das vendas ao exterior, ainda dominadas pelo café verde. Nesta estratégia de crescimento, os países árabes surgem como mercado potencial. "Nos próximos cinco anos haverá importantes avanços", declara Guivan Bueno, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC).
Medidas para estimular a industrialização do café vêm sendo tomadas pelo setor há, pelo menos, dois anos e meio. Em 2002, o Sindicato da Indústria do Café do Estado de São Paulo e a Agência de Promoção de Exportações (APEX) estabeleceram o Programa Setorial Integrado para a Exportação de Café Industrializado (PSI). O resultado: entre 2002 e 2004 as exportações do produto subiram 45,6%, passando de US$ 5,7 milhões para US$ 8,3 milhões.
O volume ainda é pequeno, mas há um interesse crescente do empresariado em participar. O programa começou com 13 empresas, das quais apenas três eram exportadoras. Hoje são 37 em todo o país, das quais 20 vendem ao exterior. O foco do programa é orientar as empresas para que realizem um gerenciamento eficiente, adequando os seus produtos ao gosto dos mercados mundiais. Há, também, o incentivo a uma mudança de enfoque produtivo: estimular a produção de café gourmet, capaz de satisfazer o paladar de mercados mais exigentes.
Os árabes
Na busca de novos mercados, surgem alternativas interessantes como os países árabes, onde é forte a concorrência, especialmente do produto italiano e alemão. "Nossas relações com o Oriente Médio estão começando agora", diz Christian Santiago, coordenador executivo do PSI. "Sabemos que existem algumas indústrias que já vendem para países como a Arábia Saudita e Líbano. Mas não é um fluxo contínuo", observa o presidente da ABIC. Há, portanto, um mercado a conquistar.
A industrialização da matéria-prima é iniciativa fundamental num país que é o maior exportador de café verde do mundo. No ano em que foi criado o PSI, o Brasil exportou 27 milhões de sacas do produto in natura, contra apenas 5 milhões do produto industrializado. Países como a Alemanha – o maior comprador – adquirem os grãos, processam e revendem, com preço muito maior.
*Federação das Indústrias do Estado do Paraná