Randa Achmawi, especial para a ANBA
Cairo – Os fabricantes brasileiros de componentes para couro, calçados e acessórios fecharam negócios durante a segunda edição da Inter Leather, feira internacional do couro, que terminou no domingo (20) no Cairo, capital do Egito. Um grupo de cerca de 20 empresas participou da mostra como parte das atividades de uma missão que a Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal) e a Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) estão promovendo para cinco países da África.
A Uniflex, empresa especializada na fabricação de solados de poliuretano, foi uma das empresas que saiu da mostra com contratos na bagagem. "Só nos dois últimos dias da feira recebi encomendas no valor de US$ 18 mil", diz Rafael Lufiego, que representou a empresa na Inter Leather. A Polako, empresa especializada em moldes para injeção de solados, realizou negócios no valor de US$ 10 mil.
A maioria das fábricas brasileiras teve, na mostra do Cairo, a oportunidade de conhecer mais de perto o mercado egípcio. Quem não chegou a vender, encontrou potenciais representantes comerciais no Egito e prevê fechamento de negócios no decorrer do próximo ano.
Para Carlos Demaret Carvalho, da Cipatex, fabricante de forro e cabedal em poliuretano, as empresas brasileiras de componentes para calçados e artefatos de couro têm grandes chances competir no mercado egípcio porque o país costuma utilizar componentes importados na fabricação de calçados e artefatos. "Descobrimos que eles preferem utilizar os componentes europeus aos chineses considerados de baixa qualidade. Por isso os produtos brasileiros são bastante competitivos neste mercado, pois oferecem a mesma qualidade dos produtos europeus, mas a preços muito mais baixos" diz Carvalho.
Ele acredita, no entanto, que as companhias brasileiras devem manter representantes no Egito. "É importante ter um representante egípcio para que ele faça a prospecção de mercado", disse. A Cipatex já encontrou, durante a estadia no país, três potenciais representantes para a sua marca no mercado árabe.
Os empresários acreditam que a feira vai render bons negócios também mais adiante. "Na área de componentes para calçados e artefatos de couro, o conhecimento mútuo leva algum tempo. Os compradores, em geral, testam primeiro nosso produto. Se estão satisfeitos, voltam e fazem os seus pedidos", diz Martin Wagner, da FCC Fornecedora, que produz matéria-prima para a injeção de solados de calçados e solas de couro. "Penso que, visto o número de contatos feitos e levando em consideração os fatores qualidade e preço de nossos produtos, creio que só no próximo ano nossa empresa poderá fechar negócios no valor de US$ 500 mil com os compradores egípcios", diz.
"Este país é particularmente importante para nós pois está estrategicamente situado", afirmou Ângela Garofalo, do departamento de exportação da Linhanyl, empresa que fabrica linhas para produção de couro, calçados, artefatos. De acordo com Ângela, o mercado egípcio é um bom caminho para chegar também aos demais países árabes e africanos.
A Linhanyl também deve fazer vendas de cerca de US$ 30 mil nos próximos três meses a partir de contatos feitos na feira, de acordo com Ângela. "Os compradores demonstraram um grande interesse por nosso produto. Todos eles pediram amostras. Muitos deles já fizeram testes com o nosso produto, voltaram dizendo que ele é de ótima qualidade, agora a fase seguinte é uma discussão sobre os preços, para que possamos enfim começar uma importação direta", afirmou.
O representante e consultor da Assintecal, Daniel Schnorr afirma que há perspectiva de que no próximo ano os brasileiros assinem com o Egito um acordo de cooperação tecnológica na área de fabricação de calçados. "O Brasil possui disponibilidade tecnológica para atender o mercado egípcio. Por isso um acordo entre os dois paises deverá ser assinado no próximo ano neste sentido", explica. Para ele quanto mais qualificadas forem as empresas egípcias de fabricação de calçados, melhor será o aproveitamento dos componentes brasileiros e também maior será a procura por eles.
As empresas estiveram no Egito (21) até ontem. Amanhã elas têm atividades programadas na Nigéria, onde ficam até a sexta-feira (25). No dia 28 o grupo estará na Tunísia e nos dias seguintes na África do Sul e Quênia. A misso termina no dia 3 de dezembro.