São Paulo – O deslocamento global provocado por guerras e perseguições atingiu nível recorde no ano passado e essa tendência de aceleração se verifica desde 2011 quando começou o conflito na Síria, segundo relatório divulgado nesta quinta-feira (18) pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur). De acordo com o organismo, ao final de 2014 eram 59,5 milhões de pessoas forçadas a deixar suas casas. Em 2013 eram 51,2 milhões, o que significa que houve crescimento de 8,3 milhões de pessoas, o maior para um único ano.
A Síria é atualmente o país com maior população de deslocados, 7,6 milhões de pessoas, e é também a principal origem dos refugiados, 3,88 milhões ao final do ano passado. A situação, segundo o Acnur, torna o Oriente Médio a principal região de origem e também de recebimento de deslocados por conflitos e perseguições. Outro país árabe, a Somália, tem 1,1 milhão de refugiados. Há ainda 3,6 milhões de deslocados e 2,6 milhões de refugiados do Iraque no mundo, além de 309 mil deslocados na Líbia.
No ano passado, 42,5 mil pessoas se tornaram refugiadas por dia. Esse número é quatro vezes maior do que há quatro anos. O Acnur lembra que nos últimos cinco anos pelos menos 15 conflitos começaram ou recomeçaram, dos quais oito na África, três no Oriente Médio, um na Europa e três na Ásia. No continente africano, o organismo cita Costa do Marfim, República Centro Africana, Líbia, Mali, Nordeste da Nigéria, República Democrática do Congo, Sudão do Sul e Burundi. No Oriente Médio são apontados Síria, Iraque e Iêmen.
“É aterrorizante verificar que, de um lado, há mais e mais impunidade para os conflitos que se iniciam, e, por outro, há uma absoluta inabilidade da comunidade internacional em trabalhar junto para encerrar as guerras e construir uma paz perseverante”, afirmou o Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, António Guterres, segundo material divulgado pelo Acnur. No ano passado, segundo a instituição, apenas 126,8 mil refugiados retornaram aos seus países de origem, o menor número em 31 anos.
O relatório traz ainda outras informações, como a que metade dos refugiados no mundo são crianças e jovens com até 18 anos de idade. Outro dado é que a presença dos refugiados está principalmente nos países mais pobres. O estudo aponta que 86% dos refugiados estão em regiões ou países menos desenvolvidos.