Rio de Janeiro – A presidente Dilma Rousseff pediu nesta quarta-feira (20), na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) que os países desenvolvidos não atuem isoladamente no debate e na adoção de medidas sobre o meio ambiente. Ela afirmou que o desenvolvimento sustentável deve fazer avançar a preservação dos recursos naturais, ser um instrumento de combate à pobreza e um indutor do crescimento.
Dilma alertou que é nos momentos de crise que os governantes têm uma tendência de se concentrar nos problemas internos e agir de forma unilateral. “Em um momento como este, de incertezas em relação ao futuro da economia internacional, é forte a tentação de tornar absolutos os interesses nacionais. A disposição para [realizar] acordos vinculantes fica fragilizada. Não podemos deixar isso acontecer”, disse, afirmando que quem mais sofre em com crises são mulheres, crianças, aposentados e, sobretudo, os jovens.
Ela defendeu, em seu discurso, temas polêmicos da negociação do documento final da Rio+20. Defendeu o princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas, que prevê que os países ricos tenham que fazer mais concessões do que os emergentes no desenvolvimento sustentável. Esse princípio ficou acordado na conferência Eco92, realizada no Rio há 20 anos. Essas nações consumiram mais o meio ambiente no seu desenvolvimento do que as emergentes poderão fazê-lo neste momento. Por isso prevê-se que ricos façam mais concessões.
A presidente comemorou o fortalecimento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), que será referendado após a conferência, e disse que a tarefa, agora, é desencadear um processo de renovação de ideias e de processos.
Após a presidente brasileira discursar, o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, anunciou que a China irá doar US$ 6 milhões para que países pobres e emergentes capacitem seus profissionais para atuar em projetos sustentáveis. Além disso, disse que seu país irá abrir linhas de crédito de US$ 200 milhões a países africanos que têm projetos “verdes”. Na manhã da quarta-feira (20), Argélia e Sudão afirmaram que não poderiam colocar em prática seus projetos sustentáveis por falta de financiamento.
Outro assunto polêmico discutido pelos negociadores da Rio+20, e que ficou de fora do documento final, foi a criação de um fundo de US$ 30 bilhões a partir de 2013 para financiar projetos sustentáveis em nações emergentes. Os países ricos não aceitaram a proposta justamente por causa da crise financeira que enfrentam. Essa sugestão foi feita pelo G77, grupo de nações emergentes e pobres que inclui Brasil e China.