São Paulo – A presidente da República e candidata a reeleição Dilma Rousseff promete dar continuidade e ampliar as relações políticas e econômicas do Brasil com o mundo árabe. O candidato Aécio Neves quer um comércio maior com a região e se eleito seguirá apoiando a criação de um estado Palestino soberano e independente. José Maria Eymael promete que os árabes serão tratados da melhor maneira possível. Leia abaixo as respostas que os candidatos à presidência da República deram à ANBA sobre seus planos para as relações do Brasil com o mundo árabe, caso sejam eleitos. Todos os candidatos foram convidados a participar da reportagem.
ANBA – O Brasil começou a desenvolver um processo de aproximação política e comercial com o mundo árabe a partir de 2003. Desde então, foram realizadas sete visitas presidenciais a países árabes e em 2005 foi criada a Cúpula América do Sul – Países Árabes (Aspa), que reúne esporadicamente os chefes de governo e de estado das duas regiões para discussão de temas de interesse comum. Líderes do mundo árabe passaram a vir regularmente ao Brasil e as exportações brasileiras para o mercado árabe saíram de US$ 2,7 bilhões em 2003 para US$ 14 bilhões no ano passado. Em sua opinião, qual a importância de o Brasil ter relação políticas e econômicas fortes com o mundo árabe e o que o senhor (a) pretende fazer na sua gestão em relação a isso? Que tratamento dará para a relação com os países árabes e quais ações pretende implementar?
Aécio Neves (PSDB)*
Em meu governo, o Brasil vai dar continuidade e ampliar significativamente as relações política e econômica com o mundo árabe. Temos extensos contatos com muitos dos países da região e devemos explorar novas oportunidades de intercâmbio que sejam mutuamente satisfatórias. Temos de aumentar a participação dos países árabes no comércio exterior brasileiro que, em números absolutos cresceu, mas em nível relativo, ficou praticamente estagnada nos últimos doze anos. Há muito a fazer, por exemplo, na área de alimentação, por meio de joint-ventures entre empresas brasileiras e empresas dos países árabes que se disponham a investir no Brasil.
O Brasil continuará a apoiar a criação de um Estado Palestino soberano e independente e poderá ajudar na reconstrução de Gaza. Continuaremos a apoiar os esforços para se chegar a uma negociação que leve à paz duradoura na região. Vamos retomar as reuniões da Cúpula América do Sul-Países Árabes. Nosso governo vai atuar de forma construtiva nos organismos internacionais para apoiar os esforços da comunidade internacional, em especial do mundo árabe, no sentido de conter a violência que está aumentando com o surgimento de novos grupos terroristas em diversos países da região.
*respondido pelo embaixador Rubens Barbosa, um dos responsáveis pela área de política externa do candidato à Presidência da República pela Coligação Muda Brasil, Aécio Neves.
Dilma Rousseff (PT)*
Em seu segundo mandato, o governo Dilma pretende intensificar o diálogo e a cooperação com os países árabes, em especial nas áreas de energia, políticas sociais, cultura e educação. Seguirá apoiando as iniciativas no âmbito da Cúpula América do Sul–Países Árabes. O mundo árabe – vasto, complexo e muito diverso – é um interlocutor necessário no mundo multipolar, desenvolvido e pacífico que queremos ajudar a construir.
O Brasil é um dos poucos países do mundo que mantém relação diplomática com todos os países membros da Organização das Nações Unidas (ONU). A política externa brasileira tem vocação universalista. Valorizamos os países árabes porque temos com eles fortes vínculos culturais, dada a relevante presença de imigrantes árabes no Brasil, e porque há grande potencial de desenvolvimento do intercâmbio comercial e de investimentos. Além disso, trata-se de uma região estratégica do ponto de vista geopolítico, fundamental nas questões de paz e segurança internacionais.
O Brasil tem a tradição de apelar para a solução negociada dos conflitos. É exatamente por isso que condenamos o terrorismo, prática inaceitável política e moralmente, e questionamos intervenções militares – à margem do direito internacional – que o alimentam, na medida em que desestruturam os aparelhos estatais, aportam armamento e estimulam a radicalização e o sectarismo de atores políticos. Também defendemos que o Oriente Médio torne-se zona livre de armas de destruição em massa.
*respondido pela coordenação do comitê de Campanha Dilma Rousseff
Eymael (PSDC)
Diria que; primeiro, colocar o Brasil na rota do desenvolvimento sem amarras ideológicas é parte primordial de minha proposta de relacionamento do Brasil com as diversas nações do globo, como exposto no Art. 4 da Constituição Federal, proposta por mim e aprovada pelos demais constituintes.
Quanto ao tratamento com os países árabes, eles serão tratados da melhor maneira possível, como devem, ou deveria ser as relações de todos os povos da terra, com o intuito de promover a paz e o bem comum. Nesse sentido pretendo impulsionar ainda mais nossas relações comerciais e de amizade.
Obrigado pela oportunidade de me dirigir aos meus irmãos árabes e reforçar minhas intenções de amizade e boa fé.
Os demais candidatos não responderam à pergunta enviada pela ANBA.