São Paulo – Há uma semana, a técnica de futebol Lindsay Camila chegou a Jeddah, na Arábia Saudita, para treinar o Ittihad Ladies Club, equipe feminina do Al Ittihad, um dos times mais populares do país. Ela ainda se adapta ao novo lar, mas afirma que já percebeu um desejo dos sauditas de investir no crescimento e na profissionalização do esporte e obter bons resultados dentro dos gramados femininos e masculinos.
Antes de treinar equipes de futebol, Camila, que nasceu em Campinas, no interior de São Paulo, foi jogadora. Atuou no Brasil, Portugal, Espanha e França. Deixou os gramados em 2006 em razão de uma lesão e, desde então, se dedica à área técnica do futebol. Em 2012, treinou meninos em um clube-escola de futebol em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, em sua primeira incursão no mundo árabe.
Resultados no Brasil, projeção no exterior
Teve duas passagens como auxiliar técnica da Seleção Brasileira feminina de futebol: a primeira, entre 2019 e 2021, e, a mais recente, entre 2023 e 2024. Nos clubes, foi técnica do Jaguariúna e do Ferroviária, ambos no interior de São Paulo, do Atlético Mineiro e do Bahia, este seu último time até assumir o comando do Ittihad. Foi a primeira técnica brasileira a conquistar a Copa Libertadores, torneio de clubes da América do Sul. O título veio com a Ferroviária, em 2021.
A chance de treinar o Ittihad surgiu no primeiro semestre do ano, por meio do empresário Jorge Rodrigues, que já tinha tentado levá-la para o México. “Acabamos conversando [com o Ittihad], era uma oferta boa. Quando digo boa, não só monetariamente, que, sim, foi bom, mas pelo projeto do clube, que tem a vontade de deixar o feminino bem estruturado”, diz. Camila afirmou que o futebol está cada vez mais profissionalizado no país árabe e até concorre com outras profissões na disputa por talentos. Em sua equipe há jogadoras que são médicas e contadoras.
Ela ainda não conta com atletas brasileiras no time, mas pretende em breve ter ao seu lado pessoas que já conhecem o seu trabalho. Enquanto isso, trabalha na pré-temporada para o campeonato saudita. No sábado (24), ela e as atletas embarcam para uma temporada de 20 dias na Espanha. O torneio começa em 26 de setembro e termina em maio de 2025.
Tanto no Brasil como na Arábia Saudita, afirma, há um investimento crescente no futebol feminino. Em seus desafios no Brasil, Camila contava com pequena infraestrutura, que cresceu à medida que assumia cargos na Seleção Brasileira, na Ferroviária, no Atlético Mineiro e, principalmente, no Bahia. No Ittihad, a equipe conta com a infraestrutura profissional que era do time masculino: academia e vestiário.
“Temos acesso a um campo muito bom, todos os materiais, temos roupeiro, três fisioterapeutas, dois assistentes técnicos, fisiologista, preparador físico. Então, toda a estrutura de clubes que passei no Brasil, tenho aqui”, diz. Ela afirma que ainda está se adaptado e conhecendo as pessoas, mas quer “trabalhar bastante” e compartilhar com o Ittihad seu conhecimento e experiência dentro e fora das quatro linhas.
“O que eu sempre falo nos lugares em que passo é que vou dar o meu máximo para conseguir bons resultados. Se eles vierem, maravilha, se não vierem procuro deixar uma sementinha daquilo que foi feito”, diz Camila. Sobre a oportunidade em trabalhar na Arábia Saudita, a nova técnica do Ittihad diz que a experiência da primeira semana tem sido muito boa.
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