Isaura Daniel, enviada especial
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Dubai – No emirado de Dubai já existem 16 empresas brasileiras com escritório ou algum tipo de operação. A informação é do membro do comitê executivo da Câmara de Comércio e Indústria de Dubai, Hisham Abdullah Al Shirawi. O empresário recebeu ontem (25), na sede da entidade, líderes da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, que estão no Golfo Arábico em uma missão empresarial e para acompanhar a participação brasileira na Big 5 Show, feira do setor de construção, que começou ontem em Dubai. Segundo entrevista de Al Shirawi à ANBA, as empresas brasileiras em Dubai são de áreas como alimento, turismo e bens de capital.
Entre as que já têm operações em Dubai estão Embraer, fabricante de aeronaves, Sadia e Perdigão, de alimentos, Marcopolo, indústria de carrocerias, e Tramontina, de utensílios domésticos. A presença brasileira em Dubai e o comércio do emirado com o país foram tema do encontro de Al Shirawi com os representantes da Câmara Árabe. De acordo com o empresário árabe, o Brasil é atualmente o 33º maior parceiro comercial de Dubai. O presidente da Câmara Árabe, Antonio Sarkis Jr., presente na reunião, afirmou que o Brasil tem condições de crescer nos negócios com o emirado.
"Segundo estudos econômicos, nos próximos cinco anos o Brasil será a quinta maior economia do mundo. O comércio que existe hoje já é significativo, mas não estamos contentes em ser o 33º parceiro comercial de Dubai. Se vamos ter a quinta economia do mundo, temos que ser, no mínimo, o quinto parceiro de Dubai", disse Sarkis a Al Shirawi. O líder árabe concordou com Sarkis. Al Shirawi disse que um dos setores onde o comércio pode aumentar é o de construção. "O setor de construção de Dubai está crescendo rápido. Muitas companhias brasileiras têm uma boa experiência nesta área e podem contribuir com este boom da construção", falou.
Ele lembrou também dos alimentos, um setor que, segundo Al Shirawi, precisa de desenvolvimento no Golfo Arábico e em Dubai. As empresas brasileiras podem, sugere ele, trazer seus produtos para Dubai, até os processar no emirado, e enviar daí para outras regiões próximas, como a África. Al Shirawi afirmou que o Brasil é um grande produtor de alimentos como vegetais e frutas. O representante da Câmara de Comércio e Indústria de Dubai demonstrou um conhecimento vasto sobre a economia brasileira. "O Brasil tem indústrias, produtos naturais, o comércio com Dubai pode ser muito maior do que é", disse ele na reunião com os líderes da Câmara Árabe.
"Hoje, viemos aqui e ouvimos eles (os árabes) falando sobre o potencial do Brasil", disse Sarkis à ANBA, lembrando do crescimento que as relações entre o Brasil e o mundo árabe teve nos últimos anos. Al Shirawi demonstrou saber também sobre a política e as finanças brasileiras. "Tive muita honra de ser um dos integrantes da comitiva a receber Lula em Dubai. Fiquei sabendo da história do presidente do Brasil, foi uma honra receber este homem que começou de baixo", disse, referindo-se à viagem que Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil, fez aos Emirados em 2003.
"O Brasil tem potencial para chegar muito mais longe no comércio com Dubai. Fiquei surpreso como o governo conseguiu quitar as dívidas do país", disse Al Shirawi. Sarkis lembrou ao seu interlocutor que o Brasil está deixando de ser um país tomador de empréstimo para passar a ser credor internacional em pouco tempo. Além de Sarkis, também participaram da reunião o vice-presidente de Marketing da Câmara Árabe, Rubens Hannun, o secretário-geral, Michel Alaby, o diretor Wladimir Rafik Freua, e o assessor da presidência da entidade, Zein El-Abdine Said. Também participou o conselheiro geral da Câmara de Dubai, Nizar Sardast.
O grupo conversou ainda sobre o aumento da colaboração entre as duas câmaras. De acordo com Sarkis, a Câmara de Comércio Árabe Brasileira vem recebendo cada vez mais demanda de diferentes setores do país que querem fazer prospecções de mercado e missões ao emirado. Os líderes das duas entidades conversaram sobre como podem aumentar a cooperação para suprir esta demanda.