Isaura Daniel
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São Paulo – Uma das principais frentes de crescimento da Embraer, fabricante brasileira de aeronaves, está no mundo árabe. A afirmação foi feita na última sexta-feira (14) pelo diretor presidente da companhia, Frederico Pinheiro Fleury Curado, durante apresentação ao mercado brasileiro dos resultados da empresa em 2007. “Nosso foco nesta região é cada vez maior”, disse Curado, acrescentando ainda que os países árabes são um mercado estratégico para a Embraer. A companhia, segundo o seu principal executivo, tem atualmente a totalidade do mercado de jatos comerciais de 70 a 120 assentos na região.
Entre os países árabes que receberam aeronaves brasileiras no ano passado estiveram Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Jordânia e Líbia. De acordo com Curado, o mercado árabe é muito parecido com o brasileiro, já que os passageiros prezam características como conforto das aeronaves, espaço para carga e bagagem e ar-condicionado. O presidente da Embraer ressaltou a importância da empresa ter diversificado sua carteira de clientes nos últimos anos. “Há dois ou três anos, havia uma concentração em alguns clientes. Hoje a capilaridade da nossa base de clientes é muito grande”, disse Curado.
Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior mostram que o Brasil exportou, no ano passado, em aeronaves, US$ 144,8 milhões para o Egito, US$ 120,6 milhões para a Jordânia, US$ 27,5 milhões para a Arábia Saudita, US$ 27,4 milhões para a Líbia e US$ 24 milhões para os Emirados Árabes Unidos. Nos números divulgados pela Embraer, os países árabes aparecem incluídos em “Outros”, já que os principais mercados da companhia são Américas, respondendo por 58% da receita, e Europa, com 24%. O Brasil tem 4% e os demais mercados 14%. O percentual dos “Outros” correspondeu a cerca de R$ 1,39 bilhão em 2007, de uma receita líquida total de R$ 9,9 bilhões.
Ou seja, 96% da receita da Embraer veio do exterior no ano passado. O crescimento de receita na empresa foi de 20,7% sobre 2006. Em dólar, a receita foi de US$ 5,3 bilhões. O lucro líquido alcançou R$ 657 milhões, contra R$ 622 milhões no ano anterior. A Embraer terminou 2007 com US$ 18,8 bilhões em pedidos firmes. Entre firmes e opções, a empresa estava com US$ 44,8 bilhões em pedidos. O número é bem superior a 2006, quando a Embraer fechou o ano com US$ 33 bilhões entre pedidos firmes e opções, dos quais US$ 14,8 bilhões firmes. A Embraer fez 169 entregas em 2007 e quer fazer até 215 em 2008.
Do total de receita que a empresa teve no ano passado, 63,8% veio da aviação comercial, 16% da aviação executiva, 10,7% em serviços aeronáuticos e 6,6% em aeronaves para governo e defesa. A companhia aérea investiu no ano passado US$ 452 milhões. “Bem acima da média histórica de US$ 250 milhões”, lembra Curado. Em 2006, a Embraer investiu US$ 202 milhões e no ano anterior US$ 166 milhões. A empresa tem, segundo o seu presidente, 16 projetos de desenvolvimento tecnológico em andamento, está centralizando suas ações voltadas para o meio ambiente e organizando a área de serviços aeronáuticos.
A Embraer está construindo três novos centros de serviços nos Estados Unidos e um na França, onde funcionava um antigo hangar seu. “Queremos aumentar nossa participação no mercado pós-venda”, explica Curado. De acordo com o presidente da empresa, a Embraer quer ser um dos principais fabricantes até a metade da próxima década e está trabalhando na construção da infra-estrutura necessária para isso. No ano passado, a Embraer contratou 4.500 pessoas elevando para 23.774 o quadro pessoal. Deste total, 21 mil pessoas trabalham para a empresa no Brasil e as demais no exterior. Todos têm pelo menos o ensino médio.