São Paulo – Os países em desenvolvimento concentrarão metade do estoque global de capitais em 2030, totalizando US$ 158 trilhões. Atualmente, estas nações concentram menos de um terço das riquezas mundiais. Em 17 anos, os países do Leste Asiático e da América Latina terão a maior parcela destas reservas, de acordo com o relatório Capital para o Futuro: Poupando e Investindo em um Mundo Interdependente, divulgado na quinta-feira (16) pelo Banco Mundial.
O relatório projeta que a parcela dos investimentos globais dos países em desenvolvimento triplicará até 2030, passando de um quinto no ano 2000 para três quintos em 17 anos. “Com a população mundial crescendo de sete bilhões em 2010 para 8,5 bilhões em 2030 e o rápido envelhecimento nos países desenvolvidos, as mudanças demográficas irão influenciar profundamente estas trocas estruturais”, aponta o documento.
“Sabemos pela experiência de países distintos como Coreia do Sul, Indonésia, Brasil, Turquia e África do Sul do papel central que têm os investimentos no crescimento de longo prazo. Em menos de uma geração, o investimento global será dominado pelos países em desenvolvimento. Entre estes países, a China e a Índia devem ser os maiores investidores, com os dois países respondendo por 38% do investimento global bruto em 2030”, afirmou Kaushik Basu, vice-presidente sênior e economista-chefe do Banco Mundial, em nota publicada pela instituição.
Segundo o relatório, a ampliação de produtividade, a integração crescente dos mercados globais, políticas macroeconômicas sólidas e melhorias na educação e saúde estão ajudando a acelerar o crescimento e criar oportunidades de investimentos massivos que, por sua vez, estão causando uma mudança no peso econômico global dos países em desenvolvimento.
O documento aponta que, diferentemente do que ocorria no passado, os países em desenvolvimento deverão ter os recursos necessários para financiar estes investimentos futuros massivos para infraestrutura e serviços, incluindo cuidados com a saúde e educação. São esperadas altas taxas de poupança nos países em desenvolvimento, chegando a 34% da renda nacional em 2014 e uma média anual de 32% até 2030.
“Apesar dos altos níveis de poupança para financiar suas necessidades massivas de investimento no futuro, os países em desenvolvimento precisarão melhorar significativamente sua participação atualmente limitada nos mercados financeiros internacionais se quiserem colher os benefícios das mudanças estruturais que estão acontecendo”, afirmou, também em nota, Hans Timmer, diretor do Grupo de Perspectivas de Desenvolvimento do Banco Mundial.
O emprego no setor de serviços nos países em desenvolvimento irá responder por mais de 60% do total de empregos até 2030 e por mais de 50% do comércio mundial. Esta alteração irá ocorrer junto com mudanças demográficas que irão aumentar a demanda por serviços de infraestrutura. O relatório estima que as necessidades para financiamento de infraestrutura nos países em desenvolvimento será de US$ 14,6 trilhões de hoje até 2030.
De acordo com o Banco Mundial, em termos absolutos, a poupança continuará a ser dominada pela Ásia e pelo Oriente Médio. Em 2030, a instituição prevê, a China irá poupar muito mais que qualquer outro país em desenvolvimento (US$ 9 trilhões), com a Índia em segundo lugar, com US$ 1,7 trilhão, ultrapassando os níveis que serão poupados por Japão e Estados Unidos na década de 2020.
Como resultado, aponta o relatório, a China irá responder por 30% dos investimentos globais em 2030, com Brasil, Índia e Rússia juntos respondendo por 13%. Em termos de volume, os investimentos no mundo em desenvolvimento alcançarão US$ 15 trilhões, contra US$ 10 trilhões das economias dos países desenvolvidos.