Isaura Daniel
São Paulo – Brasil e Tunísia vão dar mais um passo nas suas relações comerciais. Autoridades e empresários brasileiros e tunisianos se reúnem a partir de hoje (28) em Túnis, capital do país árabe, para definir ações de aproximação entre os dois países. Uma das principais atividades é a reunião do Conselho Empresarial Brasil-Tunísia, que ocorre hoje, na União Tunisiana da Indústria, Comércio e Artesanato (Utica).
O Conselho foi criado em 2002 e é coordenado pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira, no Brasil, e pela Utica, na Tunísia. Ele é integrado por empresários e representantes de entidades e associações setoriais brasileiras e tunisianas. A delegação brasileira que visita o país árabe é formada por cerca de dez pessoas.
Durante a viagem também será discutido o estabelecimento de parcerias no setor de couro e calçados. Representantes da Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal) participam da missão para conversar sobre as possibilidades de um acordo com as indústrias de couro e calçados locais.
"Essa foi uma das solicitações dos tunisianos", diz o presidente da Câmara Árabe, Antonio Sarkis Jr, que lidera o grupo. Os empresários da Tunísia manifestaram o interesse de estabelecer cooperação com os fornecedores do setor de couro e calçados na última reunião do Conselho, que ocorreu no ano passado, no Brasil. "A Tunísia tem uma rica experiência e uma forte tradição no setor de couro. Essa é uma boa iniciativa", diz o embaixador da Tunísia em Brasília, Zouheir Allagui.
A Tunísia também tem várias indústrias de calçados e exporta os produtos para a União Européia livre de taxas. A parceria será discutida com a Federação Nacional de Couro e Calçados (FNCC) ainda hoje. A idéia é que as empresas brasileiras forneçam componentes para as fábricas de couro e calçados tunisianas.
Além de empresários, diretores e assessores da Câmara Árabe e da Assintecal, a delegação terá representantes da Agência de Promoção de Investimentos do Brasil (Apex), do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) e do consulado da Tunísia em Porto Alegre.
A Apex também tem encontros agendados com o Centro de Promoção de Exportações Tunisianas e a Agência de Promoção de Investimentos da Tunísia (Fipa) para definir ações conjuntas de promoção de comércio. Para o dia 29 está programado um seminário sobre oportunidades de negócios entre o Brasil e a Tunísia. Também está prevista a visita do grupo brasileiro a centros de excelência do país, como à Fipa e à Agência de Promoção das Indústrias (API), e ao pólo de El Ghazala, que abriga empresas de tecnologia de comunicação.
De acordo com o encarregado de Negócios da Embaixada do Brasil em Túnis, Celso Costa Bello, a presença da missão brasileira na Tunísia será importante para identificar em que áreas os dois países podem trabalhar de forma conjunta. Segundo ele, a Cúpula de Países Árabes e Sul-Americanos, que ocorreu em Brasília em maio, já foi muito importante para a aproximação da Tunísia e o Brasil.
O embaixador Allagui cita vários setores nos quais as trocas comerciais são interessantes para os dois países. "Nós temos excedentes de produtos agrícolas que são muito procurados no mercado externo, como azeite de oliva, tâmaras, vinhos e frutas cítricas. Também têxteis, fosfatos e derivados", diz. "E o Brasil é um parceiro importante para nossas importações de café, açúcar, carne, tabaco, madeira, minérios, peles e couros, ferro fundido, aço, utensílios mecânicos, entre outros", afirma.
Resultados
Desde que o Conselho Empresarial Brasil-Tunísia foi criado já foram adotadas várias ações para aumentar ainda mais o comércio e a cooperação. Além de incentivar o crescimento do número de missões comerciais entre a Tunísia e o Brasil, o Conselho promoveu a participação de empresários tunisianos na Expo Abras, feira de supermercados, no ano passado, no Brasil.
O Conselho também foi um dos responsáveis pela participação da Câmara Árabe em feiras e festivais na Tunísia, pela assinatura de parceria entre entidades brasileiras e tunisianas como a Fiesp e a Utica, a Apex e o Cepex, e o Hospital Sírio-Libanês e o Hospital de Sousse.
De acordo com o vice-presidente de Marketing da Câmara Árabe e cônsul honorário da Tunísia em São Paulo, Rubens Hannun, esse quarto encontro, além de avaliar os resultados da atuação do Conselho até agora, servirá para falar sobre a participação futura em feiras e missões comerciais. "Já está sendo planejada uma missão de empresários brasileiros para a Tunísia no começo de 2006", afirma Hannun.
Comércio
Em 2001, antes de o Conselho Empresarial ser formado, a corrente comercial do Brasil e a Tunísia era de US$ 87,2 milhões, dos quais US$ 53,5 milhões correspondiam a exportações brasileiras e US$ 33,7 milhões a vendas tunisianas.
Nos dez primeiros meses deste ano, a soma entre as importações e exportações entre as duas nações já está em US$ 143 milhões, dos quais US$ 90,9 milhões são vendas brasileiras e US$ 52,7 milhões exportações tunisianas.
Entre os produtos brasileiros mais exportados para a Tunísia estão o açúcar, o óleo de soja, o café, laminados, tratores e refrigeradores. A Tunísia vende para o Brasil produtos como fosfatos, roupas, tâmaras e azeites.