São Paulo – O diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), José Graziano da Silva, afirmou nesta terça-feira (03), em Roma, que vai participar da Cúpula da União Africana em Malabo, na Guiné Equatorial, e depois seguirá para o Chifre da África. Graziano disse que o continente será prioridade durante a sua gestão na FAO, que começou no último domingo (01).
“A África continuará a ser prioridade no meu mandato. Viajarei para o continente no fim de janeiro para participar da Cúpula da União Africana e visitarei o Chifre da África para ver em primeira mão a situação da região e o trabalho que é feito”, afirmou Graziano.
Ele elogiou os programas de combate à fome realizados na América Latina e afirmou que vai concentrar seus esforços na África porque alguns países do continente não têm condições de alimentar sua população.
“A FAO é necessária nos locais que não têm capacidade de administrar sozinhos o desafio de erradicar a fome. Como tenho recursos limitados, vou priorizar os países mais necessitados, que hoje em dia estão na África. Sobretudo na parte do Norte da África”, declarou.
Ministro extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à Fome e coordenador do Programa Fome Zero no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Graziano afirmou que deverá aplicar na FAO alguns dos seus aprendizados à frente do Fome Zero. Segundo ele, porém, cada local tem sua peculiaridade e precisa de soluções particulares.
O diretor prometeu que a FAO terá ações mais efetivas, será menos centralizada e os trabalhos serão realizados com maior participação dos países. O novo chefe da instituição disse também que encontrar soluções e produtos locais ajuda a reduzir a dependência de produtos derivados de commodities.
“É preciso começar pelos padrões de consumo e valorizar os produtos locais. Hoje enfrentamos a crise das commodities. Há uma quantidade enorme de produtos locais que podem ser usados [para erradicar a fome], muito mais do que estes produtos (as commodities) que tem um preço tão volátil”, destacou Graziano.
O diretor-geral da FAO disse que a volatilidade dos preços das commodities é provocada pelas variações do dólar, pelos baixos estoques de alimento e pelos desastres naturais que afetam a produção. Ele disse ainda que os biocombustíveis também afetam os preços dos alimentos.