São Paulo – O Iraque busca ampliar o apoio internacional na luta contra o autoproclamado Estado Islâmico (EI), grupo armado que ocupa partes do país e da vizinha Síria. Este foi um dos principais temas tratados pelo chanceler iraquiano, Ibrahim Al Jaafari, em conversas com representantes do governo brasileiro nesta terça-feira (02), em Brasília.
Segundo informações do Ministério da Defesa, em encontro com o ministro Jaques Wagner, Jaafari pediu apoio do Brasil nos esforços do governo iraquiano de estabilização do país, principalmente frente a grupos extremistas como o EI. Ele defendeu maior aproximação e cooperação entre os dois países na área de defesa, de acordo com a pasta.
“A guerra contra o terrorismo não é uma guerra convencional. Buscamos países amigos e democráticos para defender aqueles que estão sofrendo com esse fenômeno”, disse Jaafari, segundo nota da Defesa.
“O Brasil tem tradição, de longa data, de paz e solidariedade. Expressamos nossa total solidariedade ao Iraque em face das atrocidades que estão sendo perpetradas no país”, respondeu Wagner, segundo o comunicado do ministério.
O tema foi tratado também em reunião com o vice-presidente Michel Temer. De acordo com informações da Vice-Presidência, Jaafari disse que convencer outros países do perigo representado pelo EI faz parte de seus esforços diplomáticos, e que combater o terrorismo é uma tarefa internacional e não apenas regional. Ele agradeceu o posicionamento do Brasil contra o terrorismo, segundo a Vice-Presidência.
Jaafari falou sobre o assunto ainda com o Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. De acordo com o Itamaraty, assim como fez com Temer, o chanceler iraquiano destacou a importância do apoio internacional no combate ao terrorismo, que ele definiu como “problema global que exige resposta global”. Vieira, segundo a pasta, reiterou a solidariedade com o povo e o governo na nação árabe nesta questão.
Comércio
No encontro com Wagner, o chanceler demonstrou interesse na retomada das compras de material bélico brasileiro. O Brasil foi grande fornecedor equipamentos militares ao Iraque durante a década de 1980, e a nação árabe, importante exportadora de petróleo para o mercado brasileiro. O volume de comércio bilateral até hoje não voltou a atingir os níveis registrados antes da primeira Guerra do Golfo, em 1990/91.
O comércio foi tema também da audiência com Temer. Jaafari convidou o vice-presidente para conhecer seu país. O vice, por sua vez, sugeriu organizar uma comitiva de empresários para conhecer as oportunidades de negócios no Iraque.
“Não foram poucas as empresas brasileiras que já investiram no Iraque e queremos que esse processo continue, assim como estamos desejosos de investimentos do Iraque”, declarou Temer, de acordo com comunicado da Vice-Presidência.
A ida de uma delegação empresarial brasileira ao Iraque foi tema ainda de reunião de Jaafari com o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Ivan Ramalho, que teve a participação do diretor-geral da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Michel Alaby.
As exportações brasileiras ao Iraque renderam US$ 118,8 milhões de janeiro a maio deste ano, um aumento de 33,66% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados do MDIC. Os principais itens embarcados foram açúcar, tubos de aço, arroz, carne de frango e bovinos vivos.
Na outra mão, as importações brasileiras de produtos iraquianos somaram US$ 157,7 milhões, um recuo de 67,48% em comparação com os quatro primeiros meses de 2014. A pauta foi basicamente composta de petróleo bruto e nafta, segundo o MDIC.