São Paulo – O Ministério das Relações Exteriores vai reforçar sua atuação comercial. Uma série de medidas nesse sentido foi anunciada pelo chanceler Antonio Patriota nesta segunda-feira (10), em seminário sobre a Organização Mundial do Comércio (OMC), em Brasília. Entre as iniciativas estão o aumento da participação do ministério em feiras internacionais e o reforço da promoção comercial nas sedes diplomáticas do País no exterior.
O seminário comemora os dez anos da criação da Coordenação-Geral de Contenciosos (CGC) no Itamaraty e Patriota aproveitou para lembrar que na época, em 2001, o mundo enfrentava crise internacional decorrente dos atentados terroristas de 11 de setembro. Hoje, lembrou ele, o mundo passa por crise econômico-financeira. "O Brasil está atento à evolução deste cenário. Precisamos continuar a explorar novas oportunidades comerciais, em especial nas nossas relações com os demais países em desenvolvimento", disse ele.
Patriota afirmou que a crise tem incidido negativamente nas perspectivas de êxito das negociações em curso na OMC e prejudicado também a conclusão de acordos birregionais e bilaterais. Algumas das medidas que o ministério vai adotar são para reforço da defesa comercial. Uma delas será o aumento do número de diplomatas que atuam na CGC e outra a seleção de um escritório de advocacia para prestar serviços ao Brasil no exterior, em contenciosos na OMC, já que o contrato com a banca atual vence no final do ano.
O Itamaraty assinou Protocolo de Intenção com a Advocacia-Geral da União (AGU) estabelecendo parceria para aprimorar a capacitação técnica do ministério em defesa comercial no exterior e vai incluir, no currículo de formação dos diplomatas, no Instituto Rio Branco, a disciplina "OMC e Contenciosos". Ainda nesta área, o ministério deve promover encontros com lideranças empresariais para mapear dificuldades.
Patriota anunciou uma nova edição de um programa conjunto com Ministério da Agricultura que visa qualificar diplomatas para promoção de produtos agropecuários no exterior, o que deve ocorrer neste mês e reunir chefes de setores agrícolas de embaixadas brasileiras de 25 países, considerados estratégicos e prioritários para o agronegócio.
"O Brasil está ciente de que, em um cenário de crise econômica, e diante das dificuldades em avançar nas negociações comerciais em curso, deverá envidar novos e criativos esforços com vistas a promover o produto brasileiro e expandir suas exportações para outros mercados", disse o ministro. As ações anunciadas fazem parte da "Estratégia Nacional das Exportações 2011-2014", levada adiante por vários ministério e órgão ligados ao governo.
As iniciativas incluem o aumento da participação do Departamento de Promoção Comercial (DPR) do Itamaraty em feiras no exterior, de 130 em 2010 para 190 em 2015. Entre outras ações, o ministério vai elevar de 35 para 100 o número de pesquisas de mercado realizadas pelo DPR; ampliará em até 50% os roadshows para atrair investimentos estrangeiros em infraestrutura, eventos esportivos, economia verde e inovação; aumentará em 40% o cadastro de exportadores em uma rede de consulta para importadores de outros países; e expandirá o número de setores de promoção comercial no exterior, em quatro anos, de 100 unidades em 78 países para 134 em 101 países.
Serão promovidos novos encontros regionais de chefes de setores de Promoção Comercial das embaixadas, o que já foi realizado em Washington, Bruxelas e Xangai. O próximo ocorrerá em 01 e 02 de novembro na Embaixada do Brasil em Doha, no Catar, onde serão discutidas maneiras de promover exportações brasileiras à região. Patriota lembrou que a abertura de embaixadas na África e Oriente Médio, além da Ásia Central, junto com outras iniciativas como a Cúpula América do Sul-Países Árabes (Aspa), ajudaram a aumentar comércio com a região.