São Paulo – Lideranças internacionais reagiram com mensagens de apoio à construção da democracia à notícia da captura e morte do líder líbio Muammar Kadafi, nesta quinta-feira (20), em Sirte, sua cidade natal. Kadafi, que tomou o poder no país em 1969, estava desaparecido desde agosto, quando os opositores que pegaram em armas contra seu regime tomaram a capital Trípoli.
A morte do ditador de 69 anos foi confirmada pelo primeiro-ministro do Conselho Nacional de Transição (CNT), que é o governo provisório líbio, Mahmoud Jibril.
A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, em viagem a Angola, na África, disse que o mundo deve apoiar o processo democrático na Líbia. “Acho que a Líbia está passando por um processo de transformação democrática. Agora, isso não significa que a gente comemore a morte de qualquer líder que seja. O fato de ela (a Líbia) estar em um processo democrático é algo que todo mundo deve, acho que não é comemorar a palavra, mas apoiar, incentivar e, de fato, o que queremos é que os países tenham a capacidade de, internamente, viver em paz e com democracia”, declarou.
Mais cedo, o chanceler brasileiro, Antonio Patriota, afirmou que espera que a violência na Líbia chegue ao fim. “O Brasil espera que a violência na Líbia cesse, que as operações militares se encerrem e que o povo líbio siga nas suas aspirações e anseios, no espírito de diálogo e de reconstrução”, ressaltou.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, pregou unidade e cessar fogo. “Este dia marca uma transição histórica para a Líbia. Nos próximos dias, nós vamos testemunhar cenas de celebração e também de tristeza por aqueles que perderam tanto. Agora é o momento de todos os líbios se unirem”, destacou. “Combatentes dos dois lados devem baixar suas armas em paz. Esse é um momento para curar e reconstruir, para generosidade de espírito, não para a vingança”, acrescentou.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, falou sobre o fim do regime autoritário que durou décadas. “Por quatro décadas o regime de Kadafi governou o povo líbio com mão de ferro. Seus direitos humanos foram negados. Civis inocentes foram presos, agredidos e mortos. A riqueza da Líbia foi dilapidada, o enorme potencial do povo foi restringido e o terror foi usado como arma política. Hoje nós podemos dizer com certeza que o regime de Kadafi acabou”, disse.
O levante na Líbia começou em fevereiro, no rastro das revoltas que eclodiram na Tunísia e no Egito e que resultaram na quedas dos ditadores Zine El Abdine Ben Ali e Hosni Mubarak, respectivamente. A reação do regime foi dura e resultou na morte de manifestantes.
A disputa entre Kadafi e seus opositores escalou para um conflito civil. Em março, após notícias de bombardeios contra a população civil pelo regime, o Conselho de Segurança da ONU autorizou a criação de uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia, o que abriu caminho para que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) atacasse alvos do governo. A intervenção militar estrangeira foi essencial para que os rebeldes retomassem sua caminhada para a tomada do poder, pois pouco tempo antes estavam perdendo posições para as forças leais ao ditador.
Durante toda a duração do conflito, Kadafi nunca amenizou seu tom desafiador e prometeu lutar contra seus opositores até a morte. O que acabou acontecendo.
Para o presidente francês, Nicolas Sarcozy, o “desaparecimento” do coronel líbio foi “um grande passo adiante na batalha de mais de oito meses do povo líbio para se libertar do regime ditatorial e violento imposto a eles por mais de 40 anos”.
Na mesma linha, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, destacou que “o povo da Líbia agora tem uma chance ainda maior de construir um futuro democrático”.
A chanceler alemã, Angela Merkel, acrescentou que o país tem que tomar medidas rápidas em direção à democracia “para fazer com que os avanços da Primavera Árabe se tornem irreversíveis”.
*Com informações da Agência Brasil e do site da TV Al Jazeera