São Paulo – O diplomata e ex-ministro das Relações Exteriores Antonio Patriota (foto acima) desembarca nesta sexta-feira (04) no Cairo, capital egípcia, para assumir a embaixada brasileira. Patriota foi chanceler no governo Dilma Rousseff de 2011 a 2013, depois ocupou o cargo de embaixador do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU) e, mais recentemente, de embaixador em Roma.
Nesta terça-feira (01) Patriota teve encontro com lideranças da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, em São Paulo, como parte da agenda preparatória para assumir a embaixada no Cairo, e conversou com a reportagem da ANBA sobre as perspectivas diante do novo desafio. Apesar da disposição para cuidar de todas as áreas que envolvem a relação Brasil-Egito, o diplomata quer dar atenção prioritária ao comércio.
“Toda a agenda de parceria econômica-comercial vive um momento muito promissor com a entrada em vigor do acordo Mercosul-Egito em 2017”, afirmou Patriota, citando ainda outros fatos que deram impulso às relações comerciais entre os dois países, como a visita ao Egito da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, em setembro, e o crescimento do intercâmbio econômico nos últimos anos.
Além de diversificar a pauta de exportação brasileira com novos produtos que receberam benefício com o acordo de livre comércio, o diplomata quer ajudar os egípcios a venderem mais para o Brasil. “No momento o comércio é altamente favorável ao nosso lado, e eu vi que em decorrência da visita da ministra Tereza Cristina, nós também nos dispusemos a importar alho, uva, alguns produtos do Egito”, diz.
Patriota tem um gosto pessoal pelo desenvolvimento da agenda diplomática e política, e percebe o Egito como o coração do Oriente Médio e do mundo árabe. O país ocupa atualmente a presidência da União Africana, além de sediar a Liga Árabe. “Será um posto muito interessante de observação das dinâmicas de uma das partes mais complexas do cenário internacional”, afirma ele.
O ex-chanceler espera contribuir, com seu trabalho, para que haja um maior conhecimento recíproco cultural e das sociedades, e dar atenção a questões consulares. “Temos alguns desafios também, brasileiros vivendo no Egito, alguns enfrentam dificuldade, queremos dar uma atenção diferenciada”, afirma.
Em dezembro Antonio Patriota completa 40 anos de carreira diplomática, mas nunca serviu na África ou Oriente Médio e conta que, quando lhe foi proposta a embaixada no Egito, aceitou como um desafio novo que preenche uma lacuna em seu currículo. Além da ONU e em Roma, ele foi também embaixador em Washington.
“O Egito é um país que vem crescendo a taxas elevadas há alguns anos, se modernizando com vários projetos ambiciosos, inclusive com uma nova capital administrativa e, com a entrada em vigor do acordo Mercosul-Egito, temos todo um campo a ser explorado. O Egito já se transformou no principal parceiro comercial brasileiro na África e no mundo árabe”, afirma, dando visão geral do que encontrará.
Na extensa carreira, Patriota esteve próximo de muitos diplomatas e lideranças egípcias, entre eles o atual ministro de Relações Exteriores, Sameh Shoukry, o ex-chanceler Nabil Fahmy, que é reitor da Escola de Assuntos Globais e Políticas Públicas da Universidade Americana no Cairo, e o ex-secretário-geral da Liga Árabe, Amr Mussa. “Já chego no Cairo com alguns amigos que me ajudarão a entender melhor toda a região”, diz.
Patriota demonstra acreditar no bom andamento das relações do Brasil com os árabes em geral, tendo em vista a viagem que o presidente Jair Bolsonaro fará à região no final deste mês, a visita que a ministra Tereza Cristina realizou e a perspectiva da vinda do secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Aboul Gheit, ao Brasil, em 2020. “Essas movimentações são positivas e sinalizam o interesse de uma relação próxima em busca do benefício mútuo, mas também do respeito recíproco”, afirmou.
O diplomata ajudou a organizar a primeira edição da Cúpula América do Sul-Países Árabes (Aspa), em Brasília, em 2005. “Gostaria de continuar a trabalhar nesse espírito, espírito de desenvolvimento das relações em todos os âmbitos e de esclarecimentos de posições e intenções sempre que for necessário de forma a preservar a amizade e o bom entendimento”, afirmou ele à ANBA.
Na Câmara Árabe, o embaixador Antonio Patriota foi recebido pelo presidente Rubens Hannun, o vice-presidente de Relações Internacionais, embaixador Osmar Chohfi, o secretário-geral Tamer Mansour, a gerente de relações institucionais, Fernanda Baltazar, e a analista de negócios, Danielle Montagner Berini.