Isaura Daniel
isaura.daniel@anba.com.br
São Paulo – Começa nesta segunda-feira (07) em Rabat, no Marrocos, uma reunião de negociação para o acordo entre o país árabe e o Mercosul. O encontro segue até amanhã (08) e terá a presença de funcionários dos governos das duas regiões. De acordo com informações do Itamaraty, no encontro será discutida a abrangência do acordo, que poderá ser de livre comércio ou um tratado de preferências tarifárias fixas. No caso do livre comércio, o acerto terá que envolver tarifas de todos os tipos de produtos comercializados e, sendo de preferências, poderá se restringir apenas a um grupo de mercadorias.
A expectativa do Itamaraty é de que a decisão sobre o tamanho do acordo saia dos dois dias de encontro no Ministério da Indústria do Marrocos. Esta será a primeira reunião de negociação que os países do Mercosul e o Marrocos terão após a assinatura de um acordo-quadro, em novembro de 2004. O documento serviu para formalizar a disposição dos dois lados de iniciar um processo de negociação. A vontade do governo brasileiro é de que as negociações estejam terminadas e o acordo assinado até o final deste ano. Em dezembro vai ocorrer a 2ª Cúpula de Países Árabes e Sul-Americanos, no Catar.
A agenda do encontro inclui apresentação dos marroquinos a respeito dos seus principais indicadores, reformas no setor financeiro e situação macroeconômica, e também os representantes do Mercosul falarão aos marroquinos sobre o bloco sul-americano, suas origens, seu funcionamento, suas tarifas externas, entre outras informações. Isso deve ocorrer no primeiro dia de reunião. A idéia, segundo informações do Itamaraty, é que os dois lados se conheçam um pouco melhor. No final do encontro serão decididos os próximos passos para dar andamento ao acordo.
Pelo Mercosul vão participar funcionários dos ministérios das Relações Exteriores e pelo lado marroquino, além de representantes da chancelaria, também do Ministério do Comércio Exterior. Um trabalho feito pela Embaixada do Brasil em Rabat aponta que os marroquinos têm interesse em vender para o Mercosul produtos têxteis, fosfatos e fertilizantes, crustáceos e peixes e conservas.
Já um levantamento do Centro de Economia Internacional do Ministério de Relações Exteriores da Argentina mostra que o Brasil tem hoje 96% do mercado de açúcar do Marrocos, 35% do de farelo de soja e 20% do mercado de óleo de soja. E poderia vender ainda, no país, têxteis, produtos siderúrgicos, máquinas e equipamentos, além de produtos do setor automotivo. Em muitos desses setores, o Brasil não consegue ainda competir no mercado marroquino já que o país árabe tem um acordo favorecendo as importações dos Estados Unidos.
O Brasil e o Marrocos tiveram, no começo deste ano, um crescimento expressivo no seu comércio. A receita das exportações brasileiras para o país árabe saiu de US$ 42 milhões nos dois primeiros meses do ano passado para US$ 82,9 milhões no mesmo período deste ano. O aumento foi de 97,4% e na lista de principais produtos vendidos estiveram trigo, açúcar, óleo de soja, madeiras, tratores e café. Na outra mão, o crescimento foi ainda maior. O Marrocos exportou para o Brasil US$ 161,4 milhões em janeiro e fevereiro deste ano, contra US$ 26,7 milhões no mesmo período de 2007. As principais mercadorias vendidas foram fosfatos, naftas para petroquímica e sardinhas.