Cairo – O Egito e o Mercosul deverão assinar em julho, em uma reunião de presidentes do bloco sul-americano, na Argentina, o acordo de comércio que estão negociando. De acordo com o ministro de Comércio e Indústria do Egito, Rachid Mohamed Rachid, a meta é assinar o tratado ainda durante a presidência temporária argentina do bloco, que vai até julho e passará novamente ao Brasil após a cúpula. A vontade de firmar o tratado foi reforçada pelo ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, que lidera uma missão com 86 empresários ao Oriente Médio e visita o Egito nesta quarta (14) e quinta-feira. “Estamos prontos para assinar”, disse Miguel Jorge ao colega de pasta.
Se o acordo sair em julho, será o primeiro a ser assinado pelo Mercosul com um país árabe. O bloco também negocia com o Marrocos, com o Conselho de Cooperação do Golfo (GCC) e com a Jordânia. A lista de produtos que poderão ser beneficiados com redução de tarifas ainda está sendo discutida, mas, segundo Jorge, o objetivo é que ela beneficie tanto as exportações do Brasil para o Egito quanto dos egípcios para o Brasil. No ano passado, a balança comercial entre os dois foi de US$ 1,5 bilhão, dos quais US$ 1,4 bilhão em vendas do Brasil. A diferença é motivo de insatisfação entre os empresários egípcios.
Segundo o presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Salim Taufic Schahin, que participa da missão, um mercado com livre tributação melhora as condições de competitividade dos produtos. “Você não consegue manter por um longo período um comércio superavitário”, disse Schahin. Ele acredita que o acordo deve beneficiar as vendas do Egito, mas afirma que os egípcios também precisam ir mais ao Brasil oferecer seus produtos. “Precisam ir mais ao Brasil ver as oportunidades”, disse. Jorge falou à imprensa egípcia no mesmo sentido. “O mercado brasileiro tem grandes oportunidades para produtos egípcios.”
Schahin e o diretor da Câmara Árabe, Mustapha Abdouni, acompanharam os encontros que Miguel Jorge teve com ministros do Egito. Além de Rachid, ele esteve com o ministro da Habitação e Urbanismo, Ahmed Alaa E-Din Amin El-Maghrabi, e com o ministro dos Transportes, Alaa El-Din Fahmy. Maghrabi manifestou a vontade de estabelecer parcerias entre construtoras brasileiras e egípcias. O ministro sugeriu que elas trabalhem em projetos conjuntos na África e na América do Sul, idéia que foi bem aceita por Jorge.
Já Fahmy quer conhecer melhor a experiência brasileira com Parcerias Público Privadas (PPPs) para rodovias e ferrovias. Uma equipe técnica do Ministério de Transportes do Egito, juntamente com Fahmy, deverá ir ao Brasil em breve para conversar com empresas que operam na área e também com as agências reguladoras. Na área de rodovias, eles também querem conhecer – o que foi manifestado pelo ministro de Habitação e Urbanismo – o sistema de concessão de rodovias e cobrança de pedágio no Brasil. Segundo o embaixador do Brasil no Cairo, Cesário Melantonio Neto, que acompanhou as reuniões, no Egito, porém, o pedágio deverá ser mais barato do que no Brasil em função da renda da população.
A jornalista viajou a convite do MDIC