São Paulo – O ministro da Informação da Síria, Mohsen Bilal, elogiou nesta terça-feira (04) a unidade e a tolerância do povo brasileiro. “O Brasil é um exemplo. É quase um continente e representa verdadeiramente um laboratório humano, é um excelente exemplo para o mundo inteiro”, disse. “Aqui há todas as cores, que vivem em igualdade e respeito. Não vejo nenhuma disputa religiosa, sectária, étnica, de cor, pois há um ponto em comum a toda a sociedade, que é a cidadania brasileira”, acrescentou, em discurso em espanhol, durante jantar em sua homenagem oferecido pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira no Esporte Clube Sírio, em São Paulo.
O ministro veio ao Brasil para assistir a posse da presidente Dilma Rousseff, que ocorreu no último sábado, em Brasília. “Tive a honra de representar o meu país nessa posse histórica”, declarou. Bilal fez elogios ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, segundo ele, “é hoje um símbolo para todo o mundo, e à presidente Dilma, qualificada de “lutadora” que contribuiu para dar uma vida digna ao povo brasileiro e para tornar o País respeitado. “Mabrouk, congratulaciones, felicidades pela emancipação tão rápida do povo brasileiro”, destacou o ministro, dando suas felicitações em árabe, espanhol e português.
Ele ressaltou também a postura pacífica do Brasil frente aos conflitos internacionais e acrescentou que o País “é candidato a ser com firmeza membro permanente do Conselho de Segurança da ONU”, posição que é pleiteada pelo governo brasileiro. “O Brasil não crê em armas atômicas, nem na destruição, nem no uso da força”, declarou.
Na mesma linha, o vice-presidente de Marketing da Câmara Árabe, Rubens Hannun, que falou em nome da entidade, destacou que Brasil e Síria, apesar de distintos, “são similares na importância central em suas respectivas regiões”, além de unidos pelos laços da imigração. Para ele, um dos principais legados que o Brasil deu aos imigrantes foi “a plena integração, o respeito e a admiração, uma reserva étnica integrada, afluente e influente, e que faz do Brasil, por que não, um país, também ele, árabe”.
Hannun lembrou que, desde a visita anterior do ministro ao Brasil, em 2007, os contatos entre representantes dos setores público e privado dos dois países se intensificaram. Ele citou exemplos de ações concretas realizadas neste período, especialmente após a visita do presidente sírio, Bashar Al Assad, ao Brasil em 2010, como a criação do Conselho Empresarial Brasil-Síria e o convênio firmado entre o Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo, e o hospital da Universidade de Damasco, na área de transplante de fígado, que, aliás, é a área de especialização de Bilal, que é médico.
Ele ressaltou o momento de crescimento e estabilidade econômica pelo qual o Brasil passa e acrescentou que, se o País continuar a crescer, em média, 4,5% a 5% ao ano nos próximos 15 anos, seu Produto Interno Bruto (PIB) vai dobrar nesse período. Hannun destacou grandes investimentos que devem ocorrer nos próximos anos para a produção de petróleo na camada pré-sal da costa brasileira, para a realização da Copa do Mundo de Futebol de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro.
“Gostaríamos muito que a Síria se juntasse a este esforço de construção de um novo Brasil. De nossa parte, dispomo-nos a seguir colaborando para o desenvolvimento da Síria e das demais nações árabes”, declarou o vice-presidente da Câmara Árabe.
Ele contou que em fevereiro, durante a 3ª Cúpula América do Sul-Países Árabes (Aspa), em Lima, no Peru, será oficialmente criada a Federação das Câmaras de Comércio Árabes/Sul-Americanas, e que a Câmara Árabe Brasileira está especialmente empenhada na construção da Casa da Cultura Árabe em São Paulo. “O engajamento oficial do governo sírio nesta obra será de grande valia”, disse.
Hannun falou ainda sobre “a atratividade cada vez maior que a Síria exerce para a realização de negócios e os esforços de seu governo para aperfeiçoar essa característica da Síria contemporânea, de bom destino para investimentos, comércio e turismo”.
“Temos a convicção de que a presidente Dilma Rousseff expandirá as possibilidades do eixo América do Sul-Países Árabes, e Brasil-Síria, dando andamento às negociações para a celebração de um tratado de livre comércio entre a Síria e o Mercosul”, declarou. O bloco sul-americano e o governo sírio assinaram um acordo quadro, na última Cúpula do Mercosul, em dezembro, para dar início a essas negociações.
O jantar reuniu políticos, diplomatas, empresários, religiosos e representantes de entidades da comunidade árabe-brasileira. O secretário-geral da Câmara Árabe, Michel Alaby, foi o mestre de cerimônia.