Dubai – Existem cinco mil projetos de construção no Oriente Médio no valor de US$ 1,8 trilhão, de acordo com pesquisa realizada pela DMG, empresa que organiza a Big 5, principal feira do ramo na região, que ocorre a partir desta segunda-feira (21), em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. A informação foi dada pelo diretor da mostra, Andy White, em entrevista à ANBA no domingo (20).
De acordo com ele, Arábia Saudita e Catar tornam-se cada vez mais protagonistas do setor, sendo que os sauditas devem responder por 65% dos projetos do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC) em 2012. O bloco é formado pelos dois países, mais Emirados, Bahrein, Kuwait e Omã.
“O número de pré-credenciamentos [de visitantes] que recebemos dessas áreas (Arábia Saudita e Catar) cresceu, vem crescendo há três anos”, disse White. “O Oriente Médio vai indo muito bem [para a construção]”, acrescentou.
Isso não quer dizer que não haja negócios em Dubai, pois também se constrói no emirado, mas não como ocorria antes da crise financeira de 2008. Não há, por exemplo, segundo ele, novos megaprojetos. White ressaltou, porém, que a cidade continua a ser o principal polo de comércio da região, para onde afluem empresários de diferentes países.
Em um momento em que a crise das dívidas na Europa afeta a economia mundial, seria de se esperar que a feira sofresse reflexos negativos, mas, de acordo com o executivo, ocorreu o contrário. Com seus mercados em baixa, empresas europeias veem no Oriente Médio uma oportunidade para vender seus produtos.
“Não fomos afetados pela crise europeia. De uma maneira bizarra ela nos ajudou, pois as pessoas têm que exportar”, declarou. “Não há obras no Reino Unido ou na Espanha, por exemplo, então as empresas têm que exportar, e muitos procuram o Oriente Médio”, acrescentou.
Na região, investimentos bancados pelos governos com dinheiro da indústria petrolífera são usados na construção de escolas, hospitais e projetos habitacionais que têm demanda crescente.
Ele destacou que cresceu o número de expositores de países como Grécia, Portugal, Itália e Espanha, justamente os mais afetados pela crise. Os países com maior número de participantes na mostra são Itália, Alemanha e Turquia, sendo que a presença dos turcos dobrou em comparação com o ano passado, mesmo com o mercado intero do país passando por um bom momento.
O Brasil participa novamente da Big 5 com um pavilhão organizado pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira e Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), com empresas dos ramos de porcelanato, mármores e granitos, pedras decorativas, metais e louças sanitárias, quadros e painéis decorativos.
Inovação
A DMG pesquisou também quais são os principais interesses de quem visita a feira, e o resultado foi: produtos, muito mais do que serviços, e produtos inovadores, ambientalmente sustentáveis e que sejam novidade na região. “O mercado está muito competitivo, então [quem quer vender] tem que conseguir algum diferencial”, afirmou.
Nesse sentido, ele destacou que duas áreas de especial interesse dos compradores são as de climatização, pois faz calor o ano todo e a refrigeração de ambientes é constantemente necessária, o que custa caro, então há procura por equipamentos cada vez mais eficientes; e a de tecnologias para distribuição e tratamento de água, que é um item caro em uma região árida. Como exemplo, White citou um sistema que coleta água de chuveiros e pias, purifica, e a torna disponível para irrigação.
Se de um lado os compradores tendem a buscar os produtos mais baratos, a organização da feira, segundo o executivo, tenta mostrar aos empresários que, no longo prazo, o barato sai caro e muitas vezes um item de maior valor agregado, mais caro na hora da compra, gera economia ao longo do tempo.
Para tanto, nos quatro dias da feira serão oferecidos 130 seminários gratuitos com o objetivo de apresentar materiais e equipamentos inovadores e ambientalmente sustentáveis. White acrescentou que o emirado de Abu Dhabi já impõe uma série de exigências ambientais às obras, Dubai passará a fazê-lo em 2014 e em breve a Arábia Saudita poderá também ter essas regras.