Dubai – Mesmo sob uma ocupação que já dura mais de 60 anos, a Palestina mantém viva sua economia, com indústrias de alimentos que geram centenas de empregos e ainda conseguem alcançar o mercado externo.
A indústria de produtos lácteos Al Jebrini, por exemplo, existe desde a década de 1950, na cidade de Hebron. “Hoje, somos um dos mais conhecidos e principais players do mercado de lácteos da Palestina e empregamos cerca de 500 pessoas”, contou Jibreini Jihad, CEO da companhia.
A empresa é uma das seis participantes do pavilhão nacional da Palestina na Gulfood, feira de alimentos que acontece até esta quinta (25), nos Emirados Árabes Unidos. A companhia tem 150 itens em sua linha de produção, incluindo diversos tipos de queijos, leite, leite com chocolate e preparados de milk-shake, entre outros.
Segundo Jihad, a empresa vem crescendo bem ao longo dos anos, mesmo com o mercado dominado por produtores de Israel. “Como um produtor palestino, temos a chance de dar boas oportunidades de emprego ao povo da Palestina e, por esta razão, também estamos orgulhosos de começar a procurar pelos mercados vizinhos da região, como Jordânia e os países do Golfo”, afirmou.
A empresa já exporta em pequenas quantidades para o Iraque e está finalizando o registro de sua representação em Dubai. De acordo com Jihad, a Al Jebrini quer atingir ainda os mercados da Arábia Saudita, Paquistão e Afeganistão.
Também fundada na década de 50, a empresa Al-Arz nasceu na cidade de Nablus como fabricante de cubos de gelo e, hoje, como produtora de sorvetes, detém 45% da participação deste mercado em volume na Palestina.
“Em receita, temos de 30% a 40% (de participação de mercado) porque temos que competir com Unilever e Nestlé. Competimos com eles não somente na qualidade, mas também na quantidade”, apontou Zahi Anabtawi, presidente da empresa. A Al-Arz emprega cerca de 200 funcionários.
O empresário disse que a indústria conta com 67 produtos em sua linha. Entre os sabores há baunilha, chocolate, manga e laranja. Mas não é só de sorvete que vive a Al-Arz. Desde o ano passado, a empresa também começou a produzir wafers.
“O ciclo de negócios do sorvete na Palestina é muito curto por causa do verão. As pessoas estão acostumadas a tomar sorvete somente no verão. Para completarmos nosso ciclo, o wafer é nossa linha de produção no inverno”, explicou. Os sorvetes e biscoitos da empresa já são embarcados para Jordânia e Kuwait e ela está começando a abrir o mercado dos países do Golfo.
Fabricante de salgadinhos de milho, a Al-Qasrawi, de Hebron, existe desde 1987. “Desde 1992 estamos trabalhando com uma estratégia para desenvolver nossos produtos e nossos mercados. Hoje, temos uma participação de mercado de 65% no mercado palestino, o que significa a Cisjordânia e 48 cidades árabes em Israel”, contou Marwan Al-Qasrawi, gerente de Marketing.
Segundo o executivo, a empresa tem mais de 40 marcas no mercado e exporta para os Emirados Árabes, Estados Unidos e Jordânia. Neste último, a empresa também mantém, desde 2010, uma fábrica que produz a matéria-prima para a fabricação dos salgadinhos.
O gerente de marketing destacou que este é o quarto ano de exposição da indústria na Gulfood. “Queremos mostrar às pessoas que visitam a Gulfood que há indústrias interessantes e salgadinhos de altíssima qualidade na Palestina”, afirmou.
“Exportar é um processo doloroso na Palestina porque você passa por diferentes fronteiras. Os contêineres precisam passar pelos check-points (postos de segurança de Israel) entre as cidades árabes e as israelenses, depois, eles têm que sair pelos portos de Israel, o que é um processo muito rígido, mas, no final, você consegue exportar”, completou.