São Paulo – O saldo comercial brasileiro registrou entre janeiro e junho seu melhor desempenho nos últimos três anos para um primeiro semestre. De acordo com os dados do período divulgados nesta quarta-feira (01) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o saldo entre as exportações e as importações ficou positivo em US$ 2,222 bilhões. No mesmo período do ano passado, o déficit acumulado era de US$ 2,512 bilhões. A última vez que o setor registrou superávit no primeiro semestre foi em 2012, segundo a Agência Brasil.
Sócio da consultoria Barral MJorge e ex-secretário de Comércio Exterior do Brasil, Welber Barral afirmou à ANBA que a balança comercial encerrou o semestre com ganhos porque as importações caíram mais do que as exportações. “Isso não é tão bom, porque também mostra que o País importou menos bens de capital (como máquinas e equipamentos) e insumos para a produção. Pode ser que estimule a procura por insumo nacional ou não”, disse.
Segundo os dados do MDIC, o Brasil exportou US$ 773,2 milhões por dia nos seis primeiros meses do ano, o que representa queda de 14,7% em comparação com a média diária dos seis primeiros meses do ano passado. No total, o Brasil embarcou US$ 94,329 bilhões em produtos ao exterior.
Já entre as importações, a média diária foi de US$ 755 milhões, montante 18,5% menor do que os US$ 926,6 milhões importados por dia entre janeiro e junho do ano passado. No total, as compras brasileiras somaram US$ 92,107 bilhões neste primeiro semestre. Uma das quedas mais significativas entre os produtos importados foi a de petróleo. Entre janeiro e junho do ano passado, o Brasil importou US$ 7,08 bilhões em petróleo. Neste ano, foram US$ 3,13 bilhões, uma redução de 55,8% no mesmo período. “Isso ocorreu devido à queda no preço do petróleo, mas também é resultado de uma demanda menor pelo produto”, afirmou.
Oriente Médio compra mais
As três categorias de produtos exportaram menos nos seis primeiros meses deste ano. As vendas de produtos básicos somaram US$ 44,04 bilhões e foram 21,6% menores do que no mesmo período de 2014. As de semimanufaturados atingiram US$ 12,789 bilhões, com queda de 3,9%. Os embarques de manufaturados caíram 8%, para US$ 35,047 bilhões.
Entre os básicos, as principais quedas foram de minério de ferro, com redução de 49% em relação ao primeiro semestre de 2014, carne bovina (queda de 23,5%) e soja em grão (-22,5%). Na categoria de manufaturados, as exportações de óleos e combustíveis caíram 63,4%, as de motores e geradores se retraíram 25,8% e as de máquinas para terraplanagem foram 23% menores. Entre os semimanufaturados, as remessas de couros e peles foram 15% menores, as de açúcar em bruto tiveram retração de 13,9% e as de óleo de soja em bruto caíram 12,4%.
Todos os mercados, com exceção do Oriente Médio, compraram menos. As vendas para os países da região cresceram 2,3% entre janeiro e junho, impulsionadas por soja em grão, óxidos e hidróxidos de alumínio, farelo de soja, ouro em forma semimanufaturada, máquinas para terraplanagem, arroz em grão, óleo de soja em bruto, trigo em grão, celulose e tratores.
Importação tem queda geral
Entre os principais produtos que o Brasil importa, as compras de combustíveis e lubrificantes caíram 36%, as de bens de capital foram 15,8% menores, as de matérias-primas e intermediários se retraíram em 15,1% e as de bens de consumo tiveram redução de 13,7%. Todos os mercados fornecedores exportaram menos ao Brasil. As vendas do Oriente Médio para o País caíram 37,5% em razão de compras menores, em valores, de petróleo, querosene, ureia, cloreto de potássio, óleos combustíveis e adubos e fertilizantes, entre outros.
No mês de junho, isoladamente, o Brasil exportou US$ 19,628 bilhões, com retração de 8,7% pela média diária em comparação a junho do ano passado. As importações no mês passado totalizaram US$ 15,101 bilhões e foram 20,6% menores do que em junho de 2014, por dia em média. No mês, a balança comercial brasileira teve superávit de US$ 4,527 bilhões. Junho teve 21 dias úteis. Junho de 2014 teve 20 dias úteis.
Barral afirmou que os exportadores de produtos manufaturados ainda não se beneficiaram do dólar valorizado, o que em teoria impulsiona as vendas. Isso deverá ocorrer, afirma, em 2016. Já as commodities dependem dos preços internacionais e, segundo o consultor, não há expectativas de aumentos significativos nesses preços.