Randa Achmawi, especial para a ANBA
Cairo – A Tangará, fabricante brasileira de leite em pó, tem perspectivas de fechar negócio com uma das maiores produtoras de laticínios do Egito. A Tangará está participando da Feira Internacional do Cairo, que começou no domingo e termina na próxima terça-feira na capital do país árabe, e os seus representantes na mostra estiveram na sede da empresa egípcia. A Tangará prefere não revelar o nome da companhia.
"Ontem já fiz uma visita à sede da empresa aqui no Cairo, tivemos uma conversa bastante construtiva, trocamos um grande número de informações", diz um dos representantes da Tangará na Feira do Cairo, Arlindo Curzi Júnior. Ele acredita que o contato resultará no pedido de um primeiro contêiner de 25 toneladas, o que equivale a cerca de US$ 46 mil dólares. "Eles nos pediram um grande número de amostras para fazer primeiro uma análise em seus laboratórios e em seguida negociar o contêiner", diz.
De acordo com Arlindo, este tipo de procedimento deve ser feito porque a indústria egípcia de laticínios ainda conhece pouco sobre a qualidade do leite em pó brasileiro. "Há um pouco mais de um ano, o leite brasileiro era totalmente desconhecido no Egito. Eles estão acostumados a comprar da Nova Zelândia e da Europa", afirma. Para Arlindo, além do bom preço, o produto brasileiro tem a vantagem de vir de uma região pela qual os árabes têm uma grande simpatia.
"Notei em minhas conversas com eles que mesmo que os produtos brasileiros ofereçam qualidade e preços que sejam equivalentes aos europeus, digo em caso de equiparação de vantagens, eles preferirão comprar do Brasil", diz. "Senti que existe uma afinidade natural entre nós, que é o desejo de promover o comércio no eixo sul-sul", complementa.
Mas os egípcios não são os únicos interessados no leite em pó da Tangará. Fabricantes de biscoitos e chocolates da Arábia Saudita e do Iêmen também ficaram interessados. Segundo Renata Reijnen, trader da Tangará que também está na Feira do Cairo, o entusiasmo dos visitantes do estande da empresa é tão visível que, quando descobrem que o produto não esta disponível para venda direta, a maioria pergunta se então podem encontrá-lo nos supermercados locais.
Starrett conquista distribuidor
As perspectivas de trabalho com o mercado árabe começam também a tomar forma para a Starret, fabricante de serras, com sede no Brasil. A empresa conseguiu um agente para distribuir seus produtos no Egito, de acordo com o representante da empresa na mostra, Sérgio Teizen. Este era um dos objetivos da participação da indústria na Feira do Cairo. "Estou bastante entusiasmado com o tamanho do mercado egípcio e acredito que poderei fazer bons negócios neste país durante os próximos seis meses", afirma.
Segundo ele, o material fabricado pela empresa tem uma grande receptividade no Egito. "O país tem atualmente uma movimentação grande na construção civil, reformas e manutenção, onde as serras de precisão, serras de fitas e estiletes são bastante utilizados", lembra. Para ele, o Egito é uma espécie de sua porta de entrada para os mercados dos outros países árabes. "Como o Brasil, o Egito é um país em desenvolvimento, onde se utiliza ainda muito as ferramentas manuais, ao contrário do que ocorre na maioria dos paises europeus", diz.
Produtos do Brasil
As empresas participam da feira em um espaço organizado pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira. O estande brasileiro recebeu também importadores de outros países, além de egípcios, interessados em importar desde produtos químicos e alimentícios até ferramentas, frango e carne bovina. Cerca de 300 importadores visitaram o espaço do Brasil na mostra até ontem.
O quinto dia da feira foi também marcado pela abertura da Feira do Cairo ao grande público. Segundo os organizadores, ela recebeu um número superior de 300 mil visitas de pessoas que vêm com os mais diversos objetivos, dentre os quais a compra de todo tipo produtos importados ou não a preços reduzidos.