Isaura Daniel
São Paulo – A Sociedade Beneficiente Muçulmana de Santo Amaro pretende abrir um curso de graduação em Teologia Islâmica no Brasil. De acordo com o xeque Hussam Al-Bustani, que está à frente do projeto, a intenção é trazer ao país o curso de alguma universidade árabe. No momento, Al-Bustani está negociando com a Universidade Al-Jinan, que fica na cidade de Trípoli, no Líbano. "A universidade está estudando as possibilidades jurídicas", diz o xeque, que esteve no país árabe em julho do ano passado para conversar sobre o tema com a presidente da instituição, Mona Yacan.
A universidade libanesa, de acordo com Al-Bustani, combina com o perfil dos brasileiros, já que é uma instituição moderna, na qual estudam tanto homens quanto mulheres. A universidade é privada e tem diversos cursos, entre eles Jornalismo, Administração, Tradução e Estudos Islâmicos. Há a possibilidade, de acordo com o xeque, de que o curso de Teologia Islâmica funcione na Escola 24 de Março. O colégio, que pertence ao muçulmano Armando Zoghbi e funciona em um terreno da Sociedade Beneficiente Muçulmana de Santo Amaro, ao lado da Mesquita do bairro, oferece ensino fundamental e médio.
Já foi feita uma primeira tentativa de abrir a graduação de Teologia Islâmica. Em 2004, sob a liderança de Al-Bustani, o curso foi colocado em funcionamento em um prédio no bairro Tatuapé. A intenção, de acordo com o xeque, era ir dando as aulas até que o Ministério da Educação (MEC) autorizasse o curso. O Ministério, porém, não autorizou o funcionamento, já que o curso não cumpria as exigências necessárias, e então aulas foram suspensas no final de um semestre. Agora Al-Bustani acredita que a melhor opção é oferecer a graduação de algum país árabe. O diploma dos alunos, porém, será da universidade estrangeira.
De acordo com o xeque, o maior interesse pelo curso, no Brasil, é de pessoas que não são muçulmanas e não têm origem árabe. "Essas pessoas normalmente têm vontade de conhecer mais a religião islâmica", explica Al-Bustani. O xeque afirma que a graduação poderá abrir portas de trabalho para as pessoas que o cursarem. "Elas podem ser contratadas por instituições do mundo islâmico para trabalhar no Brasil", diz. De acordo com ele, há várias associações de países muçulmanos interessadas em divulgar a cultura islâmica no Brasil. Os salários pagos, segundo o xeque, costumam ser superiores a R$ 3 mil.
Xeque Hussam
O xeque Hussam Al-Bustani é um grande defensor do estudo da religião islâmica. Al-Bustani, que é libanês, chegou no Brasil em abril de 1993, contratado para trabalhar para o Centro Islâmico de Divulgação para a América Latina, em São Bernardo. Desde lá, porém, passou por várias outras instituições, entre eles a Escola Islâmica Brasileira, na Vila Carrão, e a Sociedade Beneficiente Islâmica de São Miguel. Desde o ano passado, porém, ele dirige a escola Paraíso das Crianças, que oferece maternal e pré-escola, com ensino de língua árabe, do Alcorão e da religião islâmica. Al-Bustani também é coordenador de Língua e Cultura Árabe na Escola 24 de Março.
Se o projeto da faculdade de Teologia Islâmica sair do papel, o xeque será o responsável pelas disciplinas diretamente relacionadas ao islamismo no curso. Al-Bustani é formado em Psicologia, pela Universidade Islâmica de Aligarh, na Índia, e em Teologia pela Faculdade de Teologia e Divulgação Islâmica, que fica em Beirute, no Líbano. O xeque também cursa Pedagogia na Faculdade Presidente Prudente (Fapepe), no interior de São Paulo.
A graduação em Teologia Islâmica, de acordo com Al-Bustani, terá vestibular e começará com uma turma. O curso deve durar quatro anos. Na experiência anterior, no Tatuapé, a mensalidade custava R$ 250. Mas ainda não há preços definidos para a faculdade, nem previsão da entrada em funcionamento. O projeto existe desde o ano 2000.
Projeto de Faculdade de Teologia Islâmica
Informações: (11) 5671 2117