Isaura Daniel
São Paulo – Os tunisianos que participaram ontem (18) de uma rodada de negócios na Câmara de Comércio Árabe Brasileira, em São Paulo, se mostraram dispostos a transformar o Brasil em um dos seus fornecedores, principalmente de alimentos. Os empresários tiveram a oportunidade de conhecer mais de perto a produção brasileira e alguns já projetam fechamentos futuros de negócios. Eles fazem parte da delegação do país árabe que está no Brasil, liderada pelo ministro dos Assuntos Estrangeiros, Abdelwahab Abdallah.
O diretor-presidente da trading tunisiana World Negoce (Won), Tahar Boughzala, um dos participantes das rodadas de negócios, veio ao Brasil com a intenção de conversar com fornecedores de açúcar, café, sucos e granitos. Boughzala conversou com diversos empresários brasileiros e acredita que poderá fechar negócios no futuro. "Vi boas oportunidades no Brasil", disse ele à ANBA. A Won importa e exporta produtos para mais de cem países e há cinco anos é fornecedora de produtos como óleo comestível, materiais elétricos, cerâmicas e nozes no Iraque.
A empresa trabalha com produtos agroalimentares, material de construção e serviços turísticos. Boughzala afirma que está disposto a trabalhar com companhias brasileiras que queiram entrar nos mercados da Europa e África, onde a trading já tem negócios estabelecidos. Ele também quer vender para o Brasil óleo de oliva e tâmaras. O negócio que Boughzala mais tem pressa de fechar, porém, é a compra de açúcar. Ele precisa de 25 mil toneladas da commodity para exportar ao Iraque.
O presidente da Slim International Trading Company (Sitcom), Hédi Amara, também quer comprar açúcar do Brasil. A Sitcom fornece alimentos, como chá e café, para o governo tunisiano. São ao redor de 500 toneladas ao mês. Do Brasil, a companhia já importa entre cinco e seis toneladas de café por ano. Agora quer comprar também o açúcar brasileiro para vender também ao governo nacional. Na Tunísia é o governo quem garante o abastecimento de commodities como café e açúcar.
Amara também é diretor geral da Eurafrica Importação e Exportação, que trabalha com compra e venda de produtos agroalimentares, como frutas, especiarias, tâmaras e vegetais, e manufaturados. A Eurafrica quer vender as tâmaras para o Brasil e tem interesse em comprar pimenta preta. Hédi Amara conversou com representantes de várias companhias brasileiras da área alimentícia e vai levar as informações sobre elas à Tunísia.
Brasileiros
Entre os empresários brasileiros que participaram da rodada também estavam vários fornecedores de alimentos. José Roberto Prado, da Itaueira Agropecuária, trouxe os melões que produz para mostrar aos tunisianos, com a intenção de exportar a fruta para lá. "Sei que eles também produzem melão, mas podemos abastecê-los na entressafra", disse o empresário. A Itaueira também produz abacaxi e caju e vai começar a trabalhar com mamão.
O agente da Flash Trading, Samir Moussa, saiu dos encontros com os tunisianos entusiasmado com as perspectivas de negócios. Ele comercializa chás, sucos, frutas desidratadas e produtos odontológicos para empresas de Campo Largo, cidade do Paraná. "Senti interesse deles principalmente pelo chá, que é orgânico", afirmou. A Flash comercializa os chás da empresa Campo Verde. A rodada foi o primeiro contato de Moussa com os tunisianos.
A coordenadora de exportações da Liotécnica Tecnologia em Alimentos, Cristiane Sanches Espin, levou até os tunisianos amostras dos alimentos desidratados e liofilizados que a empresa fabrica. A paulista Liotécnica produz sopas, sobremesas e caldos e ingredientes industriais como extrato de malte, utilizado para a fabricação de chocolates.