São Paulo – Educadores do mundo árabe devem tentar reproduzir em seus países o modelo de adequação de ensino ao mercado de trabalho utilizado pela Universidade Estácio, do Rio de Janeiro. Um grupo com profissionais da área e investidores visitou a instituição carioca nesta segunda-feira (4) e viu, na prática, como a Estácio leva a realidade dos empregos para dentro da sala de aula. Os profissionais de países como Egito, Marrocos, Kuwait e Arábia Saudita ouviram palestras e visitaram as instalações do campus Tom Jobim.
"Atualmente há desemprego de pessoas graduadas no Oriente Médio, mas existem vagas de trabalho não preenchidas, o mercado está buscando outras competências", explica a reitora da Estácio, Paula Caleffi, que recebeu o grupo. A delegação veio ao Brasil justamente para saber mais sobre como preencher essa lacuna e fazer a ponte entre os dois mundos.
A região já desenvolve um programa chamado e4e (Educação para o Emprego) com o objetivo de ajudar a resolver o problema. O projeto é realizado pelo International Finance Corporation (IFC) – promotor da visita dos árabes ao Brasil – em parceria com o Banco de Desenvolvimento Islâmico. Segundo dados do e4e, o mundo árabe tem o maior índice de desemprego entre jovens do mundo, ao redor de 25% da população.
Entre as ações deste projeto estão a oferta de cursos, para os já formados, para prepará-los ao mercado. A ideia, no entanto, é também incluir modificações nas universidades, para que estejam mais de acordo com exigências de emprego. "Eles querem ampliar esse trabalho para as universidades", diz Caleffi. Por isso mesmo a experiência da Estácio os interessou.
Para estar de acordo com o mercado de trabalho, a Estácio, por exemplo, define a sua grade curricular coletando informações e sugestões por meio de sua plataforma virtual, já que tem várias unidades espalhadas pelo País – e isso também faz parte da sua estratégia. Também procura ter entre seus professores pessoas do mercado, dá orientações ao aluno, no final do curso, sobre como participar de entrevistas, como fazer seu CV e mantém uma agência de estágios que tem sempre uma média de 30 mil vagas disponíveis.
De acordo com Caleffi, durante a visita à Estácio, os árabes também se interessaram pela qualidade dos cursos online da universidade. Eles demonstraram, inclusive, afirma a reitora, vontade de desenvolver uma parceria na área. A instituição oferece cursos à distância de graduação tradicionais, tecnológicos e de licenciatura, além de outros, como a pós-graduação lato sensu. A universidade tem cerca de 279 mil estudantes e unidades em 36 cidades.
A ideia da visita surgiu depois que Caleffi participou, em março deste ano, do congresso Making Global Connections, promovido pelo IFC em Dubai, e sua palestra chamou a atenção dos participantes. O grupo já tinha uma visita prevista para América Latina e resolveu passar no Brasil para conhecer a proposta da Estácio. O IFC é o braço do Banco Mundial responsável por investir em projetos do setor privado, dentre eles, educação e saúde, em países considerados emergentes ou em desenvolvimento.