Isaura Daniel, enviada especial
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Piracicaba – Enquanto as bombas de postos de combustível despejam gasolina com doses cada vez maiores de álcool mundo afora, uma empresa brasileira se prepara para crescer no embalo deste movimento. A Dedini, fabricante de equipamentos industriais, que tem como carro-chefe a tecnologia para produção de álcool e açúcar, pretende aumentar em duas vezes e meia a sua capacidade de produção até o final do próximo ano. A informação foi dada pelo vice-presidente de Negócios da empresa, José Franciso Davos, em entrevista exclusiva à ANBA. A Dedini deve agigantar-se diante de um mercado mundial que, na busca por combustíveis mais limpos, sinaliza o aumento do consumo do etanol.
A história da Dedini com os equipamentos para álcool e açúcar é parecida com a do Brasil com a cana-de-açúcar. O país desbravou e domesticou o setor e tornou-se hoje um líder mundial na fabricação do álcool. A Dedini também começou aos poucos, lá na década de 20, fornecendo peças e manutenção para as usinas de álcool e açúcar, e hoje é a maior empresa brasileira em máquinas e equipamentos para o segmento. Agora, enquanto o país começa a ocupar um papel de liderança mundial em combustíveis limpos, a Dedini também ensaia passos grandes. O faturamento deve sair de R$ 1 bilhão em 2006 para R$ 2,5 bilhões até o final de 2008, o número de funcionários vai passar de 4,8 mil para seis mil pessoas.
Os motores deste crescimento serão o próprio mercado nacional, que planeja abrir 30 novas usinas de álcool por ano até 2010, e o internacional, que começa a adicionar etanol à gasolina e para isso providencia a fabricação do produto. De acordo com Davos, mais de 30 países têm projetos de adição de etanol à gasolina de forma obrigatória ou opcional. "Há cinco anos não eram cinco os países", diz ele. A Dedini, que tem sede no município paulista de Piracicaba, recebe semanalmente entre duas a três delegações estrangeiras interessadas em fabricar etanol. "Na África, há projetos de investimentos em álcool e açúcar em Moçambique, Nigéria, Libéria, Sudão, África do Sul", diz Davos.
A Kenana Sugar Company, companhia produtora de açúcar do Sudão, tem planos de começar a produzir etanol em 15 anos, conforme publicado anteriormente pela ANBA. Segundo o vice-presidente de Negócios da Dedini, sudaneses estiveram na companhia no ano passado e também no começo deste ano. A Dedini enviou seus engenheiros para o país árabe há dois meses. O que existe, por enquanto, porém, são conversas e não negócios fechados. A Dedini vai concluir, em noventa dias, de acordo com o executivo, um negócio para fornecimento de equipamentos para dois projetos de produção de etanol em outro país africano: Moçambique.
A Dedini vende equipamentos para usinas completas na área de álcool e açúcar, o que inclui desde a recepção da cana-de-açúcar até a estocagem e entrega do produto final. Por isso, muitas empresas internacionais, algumas já produtoras de açúcar, buscam na indústria instruções de como produzir o etanol. A companhia dá algumas informações sobre como o Brasil o faz, mas as encaminha também para empresas parceiras, da área agrícola e de logística, que tem o know-how nestas áreas. A África e o Caribe, segundo Davos, são as regiões do mundo mais propícias para produzir o etanol. "A África está no mesmo paralelo que o Brasil, o etanol fixa as pessoas no campo, uma usina gera trabalho para duas a três mil pessoas, incluindo o trabalho no campo, indústria, transporte, logística", diz Davos.
De acordo com Davos, o etanol não vai substituir o petróleo, mas permitir que as reservas da commodity tenham uma vida mais longa. Os países da África, segundo ele, querem produzi-lo para adicionar à gasolina e fornecer para o seu próprio mercado. "A Europa talvez possa também desenvolver projetos em alguns destes países para se abastecer", afirma o executivo. As usinas que estão sendo instaladas, no Brasil e no mundo, segundo Davos, têm, em média, capacidade para processar entre 2 milhões a 2,5 milhões de toneladas de cana por ano. Os equipamentos da Dedini, para montar uma usina assim, custam entre R$ 300 milhões e R$ 350 milhões.
A Dedini tem em seu leque de clientes empresas de 40 países. A companhia produz, além de bens de capital para produção de açúcar e cana, também máquinas para cervejaria, energia, papel e celulose, alimentos, bebidas, biodiesel e mineração. A maior parte das exportações, porém, são voltadas para o setor sucroalcooleiro. "Onde há cana-de-açúcar, a Dedini tem relacionamento", afirma Davos. A meta da empresa, segundo o executivo, é fazer com que as exportações respondam por 15% a 20% do faturamento. Nos últimos anos, porém, elas têm se mantido entre 7% e 10%, já que o faturamento está crescendo. Neste ano, o percentual deve se manter entre 7% e 10%.
Entre os últimos grandes negócios que a Dedini fez no exterior estão o fornecimento de um tandem, conjunto de moendas, para a norte-americana US Sugar Corporation, no final do ano passado. O tandem, o maior já fabricado no mundo, tem capacidade para processar 28 mil toneladas de cana por dia e foi incorporado ao processo produtivo da empresa, que é a maior fabricante de açúcar dos Estados Unidos. A Dedini também forneceu plantas desidratadoras de álcool para países do Caribe entre 2005 e este ano. Foram duas para a Jamaica, uma para a Costa Rica e uma para as Ilhas Virgens. No Brasil a Dedini instalou, neste ano, quatro usinas completas. Em 10 usinas foi responsável por 80% dos equipamentos e em outras 10 por metade.
A empresa
A Dedini, uma sociedade anônima de capital fechado, tem seis fábricas. Três estão em Piracicaba, uma no município também paulista de Sertãozinho, uma em Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco, e outra em Maceió, no estado de Alagoas. Cerca de 45% da sua produção é voltada para tecnologia de álcool e açúcar. Outros 15% são equipamentos para geração de energia a partir de produtos agrícolas, como caldeiras para produção de energia a partir do bagaço da cana-de-açúcar. A empresa já produziu, desde que foi fundada, 1.500 caldeiras, três mil moendas, 800 destilarias e 350 usinas completas.
Contato
Dedini S.A. Indústrias de Base
Telefone: +55 (19) 3403-5357
Site: www.dedini.com.br
E-mail: dedini@dedini.com.br