São Paulo – O chanceler brasileiro, Celso Amorim, estará hoje (02) em Túnis, capital da Tunísia, onde terá encontros com o primeiro-ministro, Mohammed Ghannouchi, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Abdelwahab Abdallah, o ministro da Defesa, Kamel Morjane, e com o presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), Donald Kaberuka. Será a terceira visita de Amorim ao país árabe.
De acordo com informações do Itamaraty, o chanceler vai tratar de diversos temas em Túnis, com enfoque especial nas áreas de fosfato, defesa, cooperação agrícola, participação em projetos do BAD, a visita do ministro Abdelwahab Abdallah ao Brasil e a próxima reunião da comissão mista bilateral, que devem ocorrer ainda este ano.
No caso do fosfato, o Brasil é grande importador do produto, utilizado na produção de fertilizantes, e cliente da Tunísia. A região do Norte da África é tradicional produtora e exportadora do produto. A Vale participa de uma concorrência para exploração de fosfato no país árabe.
Conforme a ANBA noticiou em janeiro, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, disse, durante viagem à Tunísia, que a licitação disputada pela mineradora brasileira diz respeito a um projeto cujo valor varia entre US$ 2 bilhões e US$ 2,5 bilhões e envolve transferência de tecnologia ao país. De acordo com fontes diplomáticas, a Vale é uma das empresas pré-qualificadas e o resultado final deverá sair até o final do ano.
Com o BAD, que tem sede em Túnis, Amorim deve conversar sobre a participação do Brasil em projetos do banco. Já existem negociações em andamento que envolvem o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), dentro da política de cooperação Sul-Sul.
Outro tema a ser tratado é o aumento do capital do banco. O Brasil tem um acordo-quadro de cooperação com o BAD e é sócio minoritário da instituição, com 0,47% de participação. Segundo informações do Itamaraty, isso significa US$ 15 milhões em capital integralizado. O país, no entanto, já contribuiu com US$ 200 milhões para o Fundo de Desenvolvimento Africano, vinculado ao banco, e que tem uma brasileira entre seus diretores, vinculada ao Ministério do Planejamento.
De acordo com o Itamaraty, fora recursos financeiros, o Brasil pode oferecer suas experiências com políticas públicas voltadas à segurança alimentar, saúde materna e infantil, combate a endemias, eletrificação rural, saneamento e outros serviços básicos.
Agricultura
Ainda na seara da cooperação, existem iniciativas da Embrapa com o Ministério da Agricultura tunisiano nas áreas de irrigação e cultivo de eucaliptos, sempre de acordo com o Itamaraty.
No setor de defesa, há interesse na cooperação bilateral em missões de paz e no treinamento de pessoal, além da venda de material bélico do Brasil ao país do Norte da África.
No ano passado, a corrente de comércio entre o Brasil e a Tunísia chegou a US$ 437,6 milhões, sendo US$ 221,2 milhões em exportações brasileiras e US$ 216,4 milhões em vendas tunisianas. Os principais itens embarcados pelo Brasil foram açúcar, óleo de soja, café, milho, alumínio, trigo, carne bovina, óleo de milho, aço laminado e tratores. Os produtos mais comercializados pela Tunísia foram fosfatos, fluoreto de alumínio, cabos elétricos para veículos, resíduos de alumínio e fitas de fibras sintéticas.