São Paulo – Os importadores árabes que participam das rodadas de negócios iniciadas nesta terça-feira (10) na sede da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, em São Paulo, estão em busca de novos fornecedores brasileiros de alimentos. São empesas que já compram aves, carne bovina, frutas e vegetais do país e querem diversificar suas fontes.
Com esse propósito, o EMKE Group vai, inclusive, abrir um escritório em São Paulo. "Vai ser um escritório para buscar fornecedores de alimentos e outros produtos, especialmente couro e vestuário, além de frutas e vegetais para o mercado do Golfo", conta Narayanan Raman, gerente nacional da empresa. Café e doces também estão entre os interesses do grupo, que tem sede nos Emirados Árabes e possui 104 hipermercados no Oriente Médio, com o nome de Lulu.
"A demanda está aumentando em nosso mercado de varejo, então queremos ter um canal direto com os exportadores no Brasil. Queremos poder encontrar o produto certo para o mercado certo", destaca Raman. O escritório brasileiro deve ser aberto após o período do Ramadã, mês sagrado para os muçulmanos, que termina no dia 18 de agosto.
Maior importadora de aves e empresa líder no setor de distribuição de alimentos nos Emirados Árabes Unidos, a Federal Foods está buscando novos fornecedores de carne bovina no Brasil, para aumentar seu market share nos Emirados. "Já conhecemos a JBS, Marfrig e Mataboi, mas há oportunidades para desenvolvermos negócios com carne bovina com outras empresas", aponta Rehan Yaqoob, diretor de atacado da empresa. Além de carne de frango e carne bovina, a empresa também está interessada em comprar derivados do leite e óleo.
Uma das empresas interessadas em vender para a Federal Foods é a trading paulista Globe Brazil Export. "A vantagem de trabalhar com a nossa empresa é que a gente consegue fazer uma análise de mercado completa para o cliente, abrir uma variedade de diversos fornecedores. Isso, para ele, é interessante. Como ele trabalha com grandes players, é importante ter outros fornecedores que conseguem, em uma fonte, dar várias opções de compra. A gente consegue diminuir o tempo de negociação e fazer algo bem objetivo e transparente", conta Alexandre Sarwat Zayed, diretor da trading, sobre sua conversa com o grupo árabe.
Focada no ramo de alimentos, a Globe trabalha com carne bovina, carne de frango, ovos, atum, sardinha, café e arroz. No mundo árabe, a empresa já exporta para Egito, Líbano, Catar, Emirados, Jordânia, Iraque e Bahrein.
Com dois anos de existência, a Café Fazenda Caeté quer entrar no mercado árabe com um produto diferenciado. "É um produtos único no mundo, uma patente nossa. É um café torrado e moído, só que em forma de infusão, que seria o mesmo formato do chá. É o próprio papel que faz a filtragem do café. É um café rápido, para quem mora sozinho, que precisa de praticidade, além da qualidade de ser um café torrado e moído produzido no sul de Minas", diz Fernando Costa, diretor comercial da empresa.
Segundo Costa, o produto tem despertado grande interesse dos compradores. "A gente uniu a tecnologia a esse método de infusão para fazer um café que é uma contraposição ao café solúvel. Estamos oferecendo uma alternativa com qualidade, com sabor e com muito mais aroma".
Importador de frutas, vegetais e carne bovina do Brasil, o grupo Barakat International, também dos Emirados Árabes, veio conferir estes outros produtos oferecidos pelas companhias brasileiras. "Estamos expandindo nossas atividades no Oriente Médio. Queremos expandir nossas relações com o Brasil para todos os produtos disponíveis aqui que ainda não conquistaram o mercado dos Emirados", ressalta Suresh Sivaraman, gerente de conta da companhia.
Exportadores de açúcar, um dos principais produtos da pauta de exportação do Brasil aos árabes, a trading paulistana Energy já vende a todos os países árabes e veio às rodadas na busca de novos negócios.
"Temos escritório nos Estados Unidos, Holanda, Dubai e Sri Lanka. Nosso escritório em Dubai foi aberto no final do ano passado para fortalecer nossa presença lá, mantendo um estoque de produto e servindo melhor o cliente. Conhecemos a maioria dos compradores que estão nas rodadas e acho que foi uma ótima ideia trazê-los aqui para facilitar o contato", avalia Pedro Côrtes, presidente da Energy. A trading também trabalha com arroz, pimenta e derivados de milho.
As rodadas de negócios, organizadas pela Câmara Árabe em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, seguem até quarta-feira (11).