São Paulo – Os países árabes precisam assegurar o fornecimento de alimentos para a região. Atualmente, eles importam cerca de US$ 60 bilhões por ano em produtos alimentícios, com tendência de crescimento, sendo que, somente em trigo, são 16 milhões de toneladas anuais. Os dados são de Falah Said Jaber, secretário-geral da Federação das Indústrias Alimentícias da Síria e da Jordânia.
Ele participou do segundo dia do “Seminário Encorajamento do Investimento e Reforço das Exportações”, ontem (28), em Beirute, no Líbano. Participaram também do evento representantes de câmaras de comércio da Europa e Brasil, além de funcionários de governos e órgãos de investimentos de países árabes.
De acordo com Bahgat Aboelnasr, chefe da Divisão de Estudos e Pesquisas do Departamento de Assuntos Econômicos da Liga dos Estados Árabes, os países árabes investem apenas 3% dos recursos recebidos de outras nações da região no setor de agricultura, enquanto 55% são destinados à indústria de petróleo e derivados, 29% para a indústria em geral e 13% para a área de serviços.
Aboelnasr destacou ainda o crescimento do comércio entre os países árabes, que passou de US$ 2,2 bilhões em 1998 para US$ 14,5 bilhões em 2008.
Segundo Michel Alaby, secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, os participantes do evento relataram ainda a necessidade de “buscar valor agregado com a transferência de tecnologia, compra de equipamentos e recursos humanos devidamente qualificados”.
De acordo com o secretário-geral, os participantes destacaram também a que os países árabes precisam “buscar padrões internacionais para a produção de produtos e serviços; realizar reformas nas áreas de regulação financeira e cambial; estabelecer facilidades na busca de alternativas de financiamento, por meio de mercados de capitais e fundos alternativos de rendas, além de introduzir garantias de crédito, como as já existentes na Jordânia”, entre outros pontos.
Durante painel dedicado ao tema da integração árabe e exportações, Alaby falou sobre algumas das iniciativas da Câmara Árabe no Brasil, como a promoção de investimentos e exportações árabes por meio de seminários e visitas técnicas de embaixadores e conselheiros comerciais.
“Além disso, criamos os comitês de turismo, investimentos e comércio exterior para integrar mais os operadores das áreas na busca das oportunidades geradas para promover os três segmentos mencionados”, afirmou Alaby.
“As principais recomendações do evento também se referem a buscar os fundos árabes, com reservas acima de US$ 3,5 trilhões, para investir em países árabes. Geralmente, estes fundos são aplicados em imóveis e em construção, não no setor agrícola ou industrial”, completou.