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Abu Dhabi – As receitas petrolíferas dos países árabes devem alcançar US$ 280 bilhões neste ano. O valor significa um crescimento de 39% sobre o ano passado, de acordo com o Centro Árabe de Pesquisas do Petróleo, uma organização de pesquisas baseada em Paris. Os árabes vão faturar US$ 78 bilhões a mais com petróleo neste ano.
De acordo com o diretor do centro de pesquisas, Nicolas Sarkis, o crescimento ocorreu principalmente em função do aumento dos preços petrolíferos, que devem permanecer altos em razão da forte demanda global, de especulação e de tensões em algumas regiões produtoras da commodity. "A era do petróleo barato acabou", disse Sarkis em entrevista à revista Pipeline, uma publicação de Dubai sobre o setor.
Mas o valor do faturamento deste ano, de acordo com o diretor da organização, é apenas nominal e está abaixo dos picos petrolíferos do início da década de 1980. Isso porque houve inflação no período e hoje o dólar está mais fraco.
"Como resultado dos maiores preços e maior produção, as receitas dos países árabes aumentaram de US$ 151,6 bilhões (no dólar atual) em 2002 para US$ 202,1 bilhões em 2004 e devem chegar a cerca de US$ 280 bilhões em 2005. Entretanto, quando comparado com o dólar de 1973, o valor nominal do barril de petróleo em 2004 (US$ 36,05 por barril) corresponde a não mais do que US$ 7,58, contra, para efeitos de comparação, um pico histórico de US$ 15,93 em 1982," explicou Sarkis.
"Quando consideradas a inflação e a flutuação do dólar em comparação a outras moedas fortes, as receitas petrolíferas árabes de US$ 202 bilhões em 2004, em termos reais, correspondem a aproximadamente um terço das receitas com a commodity em 1982," acrescentou o diretor do Centro Árabe de Pesquisas Petrolíferas.
"Por fim, para colocar as coisas em perspectiva, é necessário acrescentar que em 2004 o preço do petróleo cresceu para uma média de US$ 36,05, enquanto o preço pago pelo consumidor final por produtos refinados no ano foi de US$ 66,20 por barril em média nos Estados Unidos, US$ 95,30 no Japão e US$ 116,60 na União Européia, sendo que o preço mais alto, US$ 157,40, foi pago no Reino Unido", explicou Sarkis.
Entre os fatores que contribuíram para o aumento no preço do petróleo, que teve seu pico no ano em agosto, ele citou tensões no Iraque e em outras partes do Oriente Médio, complicações na Nigéria e Venezuela e crescimento rápido na demanda global.
"Além dos fatores políticos, o segundo conjunto de fatores é do tipo estrutural, que vai durar mais. Estes fatores incluem principalmente a demanda mundial maior do que esperado, que cresceu 1,95% em 2003 e 3,66% em 2004", explicou o executivo.
"No espaço de apenas dois anos, a demanda cresceu 4,4 milhões de barris ao dia, alcançando 82,1 milhões de barris ao dia em 2004. Isso levou a um rápido aumento na produção, quase eliminou a capacidade de reserva e gerou medo de oferta insuficiente. Por fim, o aumento de preços gerou especulação, que por sua vez ampliou o aumento de preços", explicou Sarkis.
Ele disse ainda que todas as previsões indicam que a demanda petrolífera global crescerá substancialmente nos próximos anos e deve alcançar 120 milhões de barris ao dia em 2030. Para encarar essa demanda, grandes investimentos serão necessários no desenvolvimento de recursos petrolíferos, cada vez mais escassos e com custos cada vez maiores.
"Esta é a realidade que motivará o crescimento dos preços petrolíferos no futuro, não as escolhas feitas por países produtores e consumidores. Um preço razoável para o petróleo é cada vez mais o preço que tem de ser pago para encorajar petrolíferas internacionais e empresas que produzem a investir na área. A era de petróleo abundante e de preços baixos já passou. É necessário pagar US$ 60 por barril ou mais para o desenvolvimento de novos campos petrolíferos e fontes alternativas de energia", concluiu Sarkis.
*Tradução de Mark Ament

