Da redação*
São Paulo – A Empresa Elétrica Saudita (SEC), a maior organização do setor elétrico no país, vai chamar companhias internacionais para participar de uma licitação para a construção e administração de uma usina elétrica com capacidade de 1,2 mil megawatts, segundo informa o jornal Gulf Times, do Catar. O custo da nova planta deve ser de aproximadamente US$ 2 bilhões e os documentos para licitação devem ser publicados no primeiro trimestre deste ano, de acordo com o Citigroup, que está prestando consultoria financeira ao projeto.
"O cronograma da licitação ainda não foi finalizado. Entretanto, o pedido de propostas deve ser lançado no primeiro trimestre deste ano", declarou o diretor do Citi para o setor de finanças em processos energéticos e de infra-estrutura, Bill Appleby, à agência de notícias Zawya Dow Jones. "Os lances devem ser feitos em meados de 2008, os contratos devem ser entrar em vigor próximo ao final de 2008 e o fechamento financeiro deve ocorrer no início de 2009", declarou Appleby.
Segundo o Gulf Times, os países do Golfo Arábico estão liberalizando os setores de geração elétrica a água para atrair investimentos regionais e internacionais e ajudar a suprir a demanda, que está sendo ampliada pelo boom econômico da região, causado pelos elevados preços do petróleo. A Arábia Saudita terá de ampliar sua capacidade de geração elétrica dos atuais 31 mil megawatts para 55 mil megawatts nos próximos sete anos.
A nova planta ficará na cidade de Rabigh, na costa do Mar Vermelho. "A SEC pretende atrair investidores internacionais e sauditas, e/ou consórcios com participantes mistos", decalcou Appleby. A empresa que vencer a licitação venderá a eletricidade gerada para a SEC. Pelo acordo, a SEC fornecerá óleo combustível para uso em geração na usina.
A construção da usina em Rabigh é apenas uma em uma série de oportunidades de investimentos no setor elétrico que a Arábia Saudita está promovendo. Outros projetos, para geração elétrica e dessalinização de água, estão sendo desenvolvidos pela SEC em parceria com a estatal Saline Water Conversion Corp, distribuidora de água. Muitos já estão em andamento.
O Citi também vai fornecer à SEC consultoria em outro projeto de geração elétrica. Este ficará na cidade de Riad, a capital saudita, e terá capacidade de geração de 2 mil megawatts. Os valores a serem aplicados no empreendimento ainda não foram definidos.
A SEC é uma empresa de capital misto. A organização tem 19% de seu capital negociado na Bolsa de Valores Saudita, o governo do país detém 74% e a petrolífera Saudi Aramco detém os 7% restantes.
Rede elétrica
Os seis países do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC) estão atualmente ligando suas redes elétricas, segundo informa a Emirates News Agency. Os Emirados Árabes Unidos e Omã já integraram as suas, na que é considerada a segunda fase da integração, criando a Rede Sul. A primeira fase, que ainda está em progresso, compreende a integração da Arábia Saudita, Bahrein, Catar e Kuwait, a chamada de Rede Norte, e deve estar completa no primeiro trimestre de 2009. Na terceira fase, prevista para 2010, serão integradas a Rede Norte e Sul. O valor a ser investido no projeto é estimado em US$ 1,2 bilhão.
Os chefes de estado do GCC aprovaram a interligação das redes elétricas em sua reunião de cúpula no Kuwait em 1997 e as obras tiveram início cerca de quatro anos mais tarde.
Segundo o Departamento de Interligação Elétrica do Conselho de Cooperação do Golfo (GCCIA), cada um dos países membros do grupo poderá utilizar um volume específico de energia produzido pelos outros países. No caso do Kuwait serão 600 megawatts (MW) ao dia. Já os Emirados poderão importar 900 MW, Arábia Saudita 1,2 mil MW, Omã 400 MW e Catar 750 MW e Kuwait.
A demanda elétrica no GCC, que controla 40% do petróleo mundial, cresceu mais de 10% na última década e deve continuar crescendo nos próximos anos devido à expansão econômica. Além da rede elétrica interligada, os países do GCC devem investir mais de US$ 45 bilhões em expansão de geração elétrica nos próximos anos.
Segundo a consultoria britânica Benoil Services Ltd, os Emirados devem investir cerca de US$ 8 bilhões na expansão de sua geração em 7 mil MW e o Kuwait cerca de US$ 3,6 bilhões em 5 mil MW. Já a Arábia Saudita deve investir US$ 30 bilhões em projetos de geração, ampliando em 20 mil MW sua capacidade. O Catar aplicará US$ 3 bilhões em mais 2,5 mil MW. Já o Bahrein e Omã devem investir respectivamente US$ 1 bilhão e US$ 800 milhões, segundo informa a consultoria.
Arábia Saudita
A Arábia Saudita é o maior país do Oriente Médio, ocupando mais de 80% da Península Arábica. O Reino é dividido em treze províncias. É membro do GCC, da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e da Liga dos Estados Árabes. Desde dezembro de 2005 passou a ser membro da Organização Mundial do Comércio (OMC).
*Tradução de Mark Ament