São Paulo – A diretora de Relações Internacionais do banco brasileiro Pine, Angela Martins, embarca nesta quarta-feira (01) para o Oriente Médio em busca de novos negócios para a instituição. Na bagagem, ela leva anos de experiência em negociações com a região, como executiva do banco árabe ABC no Brasil e especialista em finanças islâmicas, operações desenhadas para respeitar preceitos religiosos.
“Depois de todos esses anos no ABC, eu mantenho meus contatos na região”, disse Angela à ANBA. Ela começou a trabalhar no Pine em abril do ano passado e já abriu ao banco as portas das finanças islâmicas. Recentemente, a instituição fez uma captação de US$ 37 milhões com o banco saudita Al-Rajhi por meio de um instrumento chamado “murabaha”, contrato de compra e venda de commodities feito de acordo com a tradição muçulmana.
Angela afirmou que esta foi a primeira operação do gênero feita por um banco “puramente brasileiro”, o que não inclui o ABC, que tem capital árabe. Na viagem, ela pretende buscar mais negócios com o Al-Rajhi e com outras instituições, não só de finanças islâmicas, mas também com bancos tradicionais, fundos soberanos e órgãos de fomento, como o Banco de Desenvolvimento Islâmico. Sua agenda inclui reuniões na Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Kuwait e Emirados Árabes Unidos.
Os interesses do Pine são captar investimentos para o próprio banco e novas linhas de crédito, especialmente para o financiamento de comércio exterior. De acordo com Angela, a instituição é dedicada a fornecer crédito e outros serviços para empresas, e a maior parte de sua carteira de clientes é formada por companhias de grande porte.
Ela ressaltou que há liquidez no Oriente Médio, embora os investidores da região estejam “cautelosos” por causa da crise na Europa. Com as economias dos países desenvolvidos em baixa, a executiva acredita que o Brasil pode ser uma boa alternativa de investimento.
“Todos estão olhando para alternativas”, destacou. “E o Brasil é uma alternativa viável, pois sua economia está crescendo e o País tem um comércio exterior forte, capaz de oferecer lastro [para as operações]”, declarou. Ela ressaltou que o Pine é “muito atuante” no agronegócio, motor do superávit comercial brasileiro e origem de boa parte das exportações nacionais ao mundo árabe.
Angela acrescentou que o Pine promove um processo de internacionalização. No ano passado, o banco de desenvolvimento alemão DEG comprou 3% do capital da instituição brasileira. Isso permite que o Pine ofereça linhas de financiamento de longo prazo além das já disponíveis pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Esse avanço ao exterior inclui também a Ásia, mas os contatos com os países árabes caminham mais rápido por conta de seu relacionamento antigo com a região. Angela tem até um livro publicado sobre finanças islâmicas chamado “A Banca Islâmica”.
O Pine, segundo ela, é um banco médio, com capital de cerca de R$ 1,2 bilhão e ativos de R$ 8 bilhões. A empresa é listada na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).