Geovana Pagel
São Paulo – O consumo mundial de orgânicos cresce 30% ao ano e movimenta US$ 40 bilhões. No Brasil, um dos seis maiores produtores mundiais, a produção deste setor ocupa uma área de aproximadamente 800 mil hectares, segundo o Ministério da Agricultura. A BioFach América Latina, conferência que vai reunir especialistas em orgânicos do Brasil e do exterior nos dias 25, 26 e 27 de outubro, em São Paulo, será lançada oficialmente hoje (15), na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), durante o seminário "Orgânicos e sustentabilidade: dois temas do século 21".
"O lançamento BioFach-AL na Fiesp é muito significativo porque o setor passou a ser encarado como oportunidade de investimentos", afirma Maria Beatriz Bley Martins Costa, diretora do Planeta Orgânico e co-organizadora da BioFach América Latina e da ExpoSustentat, 1ª Feira Internacional de bens e Serviços Sustentáveis, que será realizada paralelamente a BioFach, no Transamérica Expo Center. A BioFach é a versão latino-americana da maior feira mundial de produtos orgânicos e já está em sua quarta edição no Brasil, a primeira em São Paulo.
Durante o seminário de hoje especialistas vão falar sobre o agronegócio no Brasil e o setor de orgânicos, sustentabilidade e aspectos relacionados à inserção dos orgânicos brasileiros no mercado internacional. Entre os palestrantes estão Edmund Kltoz, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Alimentícias (Abia); Ingo Plöger, presidente da IP Desenvolvimento Empresarial e Institucional, empresa organizadora do 1° Fórum de Líderes em Sustentabilidade, que acontecerá na ExpoSustentat 2006; Ming Liu, gerente do Projeto Organics Brasil que tem apoio da Agência de Promoção das Exportações e Investimentos (Apex); e Roberto Gianetti da Fonseca, diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp.
"É interessante destacar a relevância estratégica deste seminário, que antecede dois eventos internacionais sediados em São Paulo. A Biofach e a ExpoSustentat vão reunir no mesmo espaço os produtores de orgânicos com as empresas que trabalham com sustentabilidade. Acreditamos que haverá uma sinergia muito grande entre os dois grupos", aposta Maria Beatriz, que também será uma das palestrantes do seminário.
Segundo ela, o lançamento dos dois eventos em São Paulo também marca uma nova fase para o setor no país. "Já cadastramos mais de mil restaurantes de São Paulo interessados em ampliar as oferta de orgânicos em seus cardápios. Também conversamos com escolas públicas e privadas que devem visitar as Biofach para conhecer as experiências de produtos orgânicos na merenda escolar", comenta.
No mercado interno, os produtos orgânicos mais comuns são as hortaliças, seguidas de café, açúcar, sucos, mel, geléias, feijão, cereais, laticínios, doces, chás e ervas medicinais. Em menor escala já se pode encontrar bebidas como vinho, cerveja e cachaça, além de camarão, frangos, carne bovina, ovos, têxteis e cosméticos.
Dados da Federação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) revelam que os produtores nacionais de orgânicos faturam US$ 250 milhões ao ano. Mas a meta é que, até 2010, o Brasil conquiste cerca 10% do mercado mundial de orgânicos. Como o movimento do setor está em torno de US$ 40 bilhões, isso significaria uma fatia de US$ 3 a 4 bilhões.
"O principal fator que deve impulsionar o setor orgânico no país é a regulamentação da Lei 10.831, ainda não sancionada pelo presidente da República", declara Costa. "Ela estabelece os parâmetros para a comercialização de orgânicos no mercado doméstico e é vital para a otimização da produção e o barateamento desses produtos." Os especialistas são unânimes em afirmar que a falta de padronização nos métodos de produção e comercialização de orgânicos constitui um obstáculo para o setor.
Novos mercados
Hoje cerca de 75% da produção nacional de orgânicos é exportada, especialmente para Europa, Estados Unidos e Japão. Na Europa, a Alemanha é o maior consumidor dos orgânicos brasileiros, seguida pela Holanda. Países árabes como Argélia, Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos e Líbano também aparecem na lista de países importadores de orgânicos brasileiros.
De acordo com a diretora do Planeta Orgânico, os países árabes são considerados importantes mercados potenciais para as exportações brasileiras de carnes e frutas orgânicas. "O mercado árabe realmente é dono de um grande potencial de consumo, principalmente para carnes orgânicas certificadas e frutas", afirma Maria Beatriz. "Temos muitas frentes para abrir. Demanda por orgânicos não falta. O que falta é organizar a oferta", completa.
Dentre os principais produtos orgânicos exportados estão a soja, açúcar branco e açúcar mascavo, café, sucos cítricos, mel, arroz, frutas (manga, banana, melão e mamão papaia), óleos essenciais, castanhas, erva mate, cogumelos, óleo de babaçu, óleos vegetais, essências florestais, extratos vegetais, frutas desidratadas, cachaça e doces.
Serviço
Seminário: Orgânicos e sustentabilidade: dois temas do Século 21
Dia 15 de setembro (sexta-feira)
Das 9h às 13h
Na Sede da Fiesp – Av. Paulista, 1313, auditório do 4º andar
Feiras: Biofach e ExpoSustentat
Dias 25, 26 e 27 de outubro
Das 9h às 18h
No Transamérica Expo Center – São Paulo
Sites dos eventos
www.biofach-americalatina.com.br
www.exposustentat.com.br