Brasília – Os governos do Brasil e do Kuwait firmaram hoje (22) um convênio que prevê a formação de um grupo para estudar oportunidades de ampliação do comércio e dos investimentos bilaterais. O texto foi firmado pelo ministro brasileiro da Fazenda, Guido Mantega, e o ministro kuwaitiano das Finanças, Mustafa Al-Shamali, após encontro, em Brasília, do primeiro-ministro do país árabe, Nasser Al-Sabah, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com Mantega, o Kuwait tem disponibilidade de recursos para investir no exterior e um grande fundo soberano, a Kuwait Investment Authority (KIA). Para ele, existem possibilidades de parcerias. Ele citou como exemplo eventuais investimentos no setor produtivo e no mercado de capitais. O convênio assinado foi um adendo a um acordo de cooperação econômica que existe desde 1975.
Em discurso antes do almoço oferecido à delegação kuwaitiana, Lula disse que as empresas do país árabe vão encontrar no Brasil segurança e estímulo aos seus investimentos. “O Brasil continuará a ser um canteiro de obras”, afirmou o presidente, referindo-se especialmente aos projetos necessários para a realização da Copa do Mundo de 2014, as Olimpíadas de 2016 e a exploração de petróleo na camada pré-sal.
Na avaliação de Lula, há interesse das empresas brasileiras em ampliar seu conhecimento sobre as oportunidades de negócios com companhias do Kuwait. Nesse sentido, ele lembrou que o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, vai liderar uma missão comercial aos países árabes do Golfo, incluindo o Kuwait, em outubro. Segundo o presidente, os empresários do Brasil terão interesse em explorar as possibilidades existentes no programa kuwaitiano de desenvolvimento “Kuwait Vision 2035”.
O primeiro-ministro destacou também a importância das empresas no aumento das relações bilaterais. “O setor privado do Kuwait tem que entrar aqui no Brasil. Isso representa um grande passo, especialmente na área de investimentos”, declarou. Ele citou como exemplo de interesse o agronegócio e a indústria petrolífera.
Para Sabah, o Brasil tem uma grande importância internacional nas áreas de política, comércio, investimentos e cultura, e defendeu uma “relação total” com os países do Golfo.
Lula declarou que o acordo que o Mercosul começou a negociar com o Conselho de Cooperação do Golfo (GCC) vai permitir a expansão dos negócios e pediu “engajamento” do Kuwait para sua conclusão. O GCC é formado pela Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Omã. Para ele, existe potencial para ampliar muito o comércio em pouco tempo.
Os dois governos assinaram também acordos nas áreas de meio ambiente e desenvolvimento sustentável, cooperação em esporte, cooperação técnica e em serviços aéreos.
Sabah lembrou que duas companhias aéreas do Golfo já operam vôos diretos ao Brasil, a Qatar Airways e a Emirates Airline. “Se Deus quiser haverá uma terceira”, afirmou, referindo-se à Kuwait Airways.
Lula destacou ainda que os dois países tiveram contatos freqüentes em ocasiões como os choques do petróleo na década de 70, a crise da dívida nos anos 80 e a Guerra do Golfo, no início da década de 90. Agora, segundo ele, ambos estão “determinados a imprimir maior consistência ao relacionamento” e a visita da delegação “é o ponto de partida para algo regular”. Os acordos, na visão do presidente, “reforçarão a base para a expansão dos nossos vínculos”. Em breve, deve ser reativada a Comissão Mista Bilateral Brasil-Kuwait.