Marina Sarruf
São Paulo – O Brasil tem potencial para exportar bens e serviços na área de construção para os Emirados Árabes Unidos. "Acho que o Brasil tem produtos de qualidade e design diferenciado. Acredito que o país pode ser um bom fornecedor de material de construção para Dubai", afirmou à ANBA o engenheiro neozelandês, Greg Sang, diretor-assistente de projetos da Emaar Properties, empresa de desenvolvimento imobiliário do país árabe. Ele participou ontem (15) do 5º Fórum Internacional de Arquitetura e Construção na feira Revestir, em São Paulo.
De acordo com Sang – que é responsável pela construção do Burj Dubai, prédio que deverá ser o mais alto do mundo -, não são apenas os materiais de construção brasileiros que têm potencial para estar presente nas principais obras dos Emirados, mas também os engenheiros e arquitetos. "Os Emirados estão passando por um boom de construção muito grande", lembrou.
Sang disse ainda que as exportações brasileiras para os Emirados devem aumentar com a nova rota marítima entre os dois países inaugurada recentemente. Ele lembrou que a partir de outubro haverá também um vôo direto entre São Paulo e Dubai, operado pela Emirates Airline, o que pode ajudar ainda mais nos negócios.
Durante uma palestra para cerca de 100 convidados, Sang falou das obras do Downtown Burj Dubai, bairro planejado que incluirá a torre mais alta do mundo, com mais de 700 metros de altura, além do maior shopping center do mundo, que vai ter 1,2 mil lojas, mais de 100 restaurantes e um aquário de 50 metros de comprimento e 12 metros de altura. A Emaar, responsável pelas obras, é a maior empresa do ramo do país e teve um lucro líquido de US$ 1,74 bilhão no ano passado.
O sucesso dos projetos desenvolvidos pela Emaar nos Emirados abriu as portas para que a empresa árabe também atue em grandes projetos residências e comerciais no Marrocos, Arábia Saudita, Egito, Jordânia, Síria e Índia.
Segundo Sang, cada andar do Burj Dubai leva três dias para ser feito. O custo total do projeto é de US$ 20 bilhões, só na torre estão sendo investidos US$ 1,1 bilhão. O prédio vai incluir o hotel Armani, escritórios e residências. Além disso, o Downtown Burj Dubai vai ter escolas, outros hotéis, shoppings, mais residências, campo de golfe, ranchos e lagos artificiais. Atualmente trabalham de três a quatro mil pessoas na construção da torre. "Vão ter picos que vão chegar a ter cinco mil pessoas", disse Sang.
Essa não é a primeira experiência de Sang com prédios gigantes. O engenheiro civil também trabalhou na torre Two IFC, de Hong Kong, e a Shun Hing Square, na China, a quinta e a nona maiores torres do mundo, respectivamente. Sang é formado pela Universidade de Auckland, na Nova Zelândia, e trabalha na Emaar desde 2004.
A participação do engenheiro no fórum foi promovida pela Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimento (Anfacer) em parceria com a Câmara de Comércio Árabe Brasileira. Sang fará hoje (16) uma visita à Câmara Árabe para conhecer a entidade.
Árabes na feira
A Câmara Árabe tem também um estande na feira Revestir. Ontem, cerca de 30 empresários interessados nos serviços da entidade, entre eles o gerente-geral da empresa Saniram, de Dubai, Henri Bou Saab, visitaram o estande. De acordo com a supervisora de comércio exterior da entidade, Francisca Barros, Saab é importador de porcelana e cerâmica e está em busca de fornecedores brasileiros.
Segundo o analista de desenvolvimento de mercado da Câmara Árabe, Jean Manuel Gonçalves da Silva, que também está na feira, a maioria das empresas brasileiras que procura o estande querem saber do mercado de Dubai. "Perguntam sobre a veracidade das grandes obras de Dubai e também querem saber se a região contrata serviços brasileiros", disse.
A Câmara Árabe está participando da Revestir pela primeira vez e tem o objetivo de auxiliar os empresários árabes e brasileiros que estão na feira e que têm interesse em fazer negócios nos dois mercados. A feira, que começou terça-feira, termina hoje no Transamérica ExpoCenter.