São Paulo – O Brasil quer cooperar para reduzir as crises no mundo árabe. Para isso, está disposto a ajudar na implementação de programas agrícolas, de geração de energia e de gestão da água. A informação é do porta-voz do Itamaraty, Tovar Nunes, referindo-se a conversas tidas entre o ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, e autoridades estrangeiras, durante visita aos Estados Unidos e à Itália, na semana passada.
Os principais países-alvo desta cooperação seriam Egito e Tunísia, por serem importadores de alimentos, e também o Sudão, que está desenvolvendo sua produção agrícola. Segundo Nunes, os Estados Unidos ficaram interessados na proposta brasileira e poderão atuar como financiadores do projeto. O Bahrein, diz o porta-voz, tem interesse em oferecer recursos monetários também para outros países africanos, como Tanzânia e Moçambique.
De acordo com Nunes, "tratam-se ainda de conversas preliminares" e as ações podem incluir também outros países árabes que tenham interesse em obter auxílio do Brasil nas áreas mencionadas. "Quanto mais cooperação, mais segurança alimentar", afirma Nunes. Segundo o porta-voz, as áreas de segurança alimentar, geração de energia e gestão da água são grandes geradoras de conflitos e, com sua proposta de ajuda, o Brasil pretende colaborar para diminuir os focos de tensão no mundo árabe.
"Queremos estabelecer formas de cooperação que levem tecnologia para ampliar as fronteiras agrícolas", destaca Nunes. Ele diz ainda que os modos como esta colaboração acontecerá serão analisados de acordo com a necessidade de cada país. Como exemplo, ele cita a possibilidade da realização de pesquisas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para o desenvolvimento de plantações adequadas ao solo e à economia de um determinado país.
Nunes revela ainda que o Marrocos e a Mauritânia manifestaram interesse em integrar a Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul, grupo criado em 1986, no âmbito da Organização das Nações Unidas, por iniciativa brasileira, para a cooperação regional e a manutenção da paz e da segurança entre os países do sul. "O Brasil tem interesse que sua relação com os países árabes vá além do comércio", destaca.
Além da Embrapa, o plano de cooperação do Brasil com os países árabes deve ter ainda o envolvimento do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Ministério da Ciência e Tecnologia.