Amã – O Brasil quer apressar a negociação de um acordo de livre comércio entre o Mercosul e a Jordânia. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, durante seminário com empresários dos dois países, nesta quinta-feira (18), em Amã, que essa será uma das prioridades da presidência brasileira no bloco sul-americano, no segundo semestre. Empresários brasileiros e jordanianos lotaram a platéia para ouvir o discurso de Lula.
"Mais intercâmbio e mais investimentos, eis nossa resposta à crise internacional e à ameaça do protecionismo. Por isso é fundamental avançarmos nas negociações de um acordo de livre comércio entre o Mercosul e a Jordânia. Consolidando espaços econômicos integrados estaremos juntando forças para reverter a desaceleração global", destacou o presidente.
Segundo Lula, com "flexibilidade e espírito pragmático, podemos ampliar o acesso aos mercados de bens e serviços, respeitando as sensibilidades de lado a lado". O chanceler Celso Amorim afirmou, em entrevista coletiva, que já foi realizada uma reunião sobre o tema, entre as duas partes, em 2008, e uma próxima deverá ocorrer em abril, em Buenos Aires, na Argentina.
"Nós queremos ver se conseguimos encerrar esse acordo na presidência brasileira do Mercosul até o final do ano", declarou Amorim. Fontes do governo ouvidas pela ANBA disseram, porém, ser difícil a conclusão do tratado em tão curto tempo, pois é preciso consenso entre os cinco participantes da negociação, a Jordânia e os quatro membros do Mercosul: Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.
O chanceler afirmou, porém, que não vê grandes dificuldades no processo, pois "a Jordânia é uma economia muito aberta" e acrescentou que as negociações de um acordo semelhante entre o Mercosul e o Egito têm avançado rapidamente. A proposta de acordo com o Egito, no entanto, foi lançada em 2005.
Amorim citou alguns setores em que há perspectivas de ampliação dos negócios, como agronegócio e construção. A Jordânia tem uma série de projetos de grande porte que quer ver executados, entre eles a transposição das águas do Mar Vermelho para abastecer o Mar Morto, que está secando. No caminho, usinas fariam a dessalinização da água e a geração de energia elétrica. Ele falou também sobre o ramo de energia.
O chanceler disse ainda que o presidente discutiu com o rei jordaniano, Abdullah II, cooperação bilateral nas áreas de economia, ciência e tecnologia, agricultura e turismo e até a participação de empresas brasileiras no projeto de transposição das águas do Mar Vermelho.
Lula destacou que estreitar os laços com os países árabes tem sido uma das prioridades do seu governo, e no caso da Jordânia houve um aumento de dez vezes no comércio. "Queremos que a Jordânia seja uma aliada privilegiada do Brasil nessa estratégia", afirmou.
Ele ressaltou, entretanto, que não haverá expansão das relações econômicas sem o empenho do setor privado e defendeu a realização de outros encontros empresariais.
O primeiro-ministro jordaniano, Samir Rifai, disse que o rei Abdullah II também quer o aprofundamento das relações econômicas. "Estamos determinados a fazer esta visão tornar-se realidade", declarou. Ele afirmou também que a atração de investimentos é prioridade do governo da Jordânia como forma de garantir o desenvolvimento sustentável do país.
O presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, que deu apoio à organização do evento, Salim Taufic Schahin, lembrou que no ano passado, em viagem à Jordânia, propôs a criação de um conselho empresarial bilateral e ele espera que a visita de Lula "permita acelerar essa iniciativa".
Ele destacou ainda que a Câmara tem sem empenhado em promover o turismo nos países árabes, e a Jordânia é um dos principais destinos atualmente em foco.