São Paulo – A Câmara de Comércio Árabe Brasileira promove hoje (13) à noite, no Esporte Clube Sírio, em São Paulo, um jantar em homenagem ao ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, pelo seu trabalho no fortalecimento das relações entre o Brasil e os países árabes. Amorim foi o chanceler brasileiro que mais viajou ao Oriente Médio e Norte da África e mantém contatos diplomáticos constantes com os governos das duas regiões.
Amorim é o principal articulador da política externa do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, marcada pela intensificação do relacionamento com outros países em desenvolvimento – a chamada cooperação Sul-Sul – e pela promoção do Brasil como ator de peso no cenário internacional.
Nesse sentido, a diplomacia brasileira deu especial ênfase nos últimos anos à aproximação com países africanos e do Oriente Médio e à integração da América do Sul. Essa ofensiva brasileira ocorre em várias áreas, mas o governo cita usualmente o aumento do comércio como forma de provar sua eficácia.
No caso dos árabes, as relações comerciais saíram de US$ 4,9 bilhões em 2003, primeiro ano do primeiro mandato de Lula, para mais de US$ 20 bilhões em 2008, com uma queda para US$ 14,6 bilhões em 2009, por causa da crise financeira internacional. Nos primeiros sete meses deste ano, a corrente de comércio já ultrapassou US$ 10 bilhões. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
No rastro dessa política foram realizados diversos encontros diplomáticos, visitas de chefes de estado e outras autoridades, missões comerciais e ações empresariais. Na seara privada, a maior parte das ações foi organizada em parceria com a Câmara Árabe. Entre os eventos que ocorreram, destaque para as duas reuniões de cúpula América do Sul-Países Árabes (Aspa), em 2005 e 2009, idealizadas pelo Brasil.
Multilateralismo
O Brasil passou a buscar também maior presença nos fóruns internacionais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC), o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Conselho de Segurança da ONU, além de maior coesão na América do Sul por meio da criação da Unasul. Amorim é forte defensor do multilateralismo.
Nas áreas comercial e financeira, o país tem conseguido influenciar decisões internacionais, como foi no caso da formação do G-20, grupo de nações em desenvolvimento que se uniram na defesa de interesses comuns durante a Rodada Doha da OMC; e na ascensão do outro G-20, o financeiro – que reúne as 20 maiores economias do mundo -, para a posição de grande fórum de tomada de decisões sobre finanças internacionais no mundo pós-crise.
Na área política, o Brasil passou a atuar de forma mais incisiva em assuntos como o conflito entre israelenses e palestinos e na busca de uma solução diplomática para a questão do programa nuclear do Irã. Brasil e Turquia até conseguiram que o governo iraniano assinasse um acordo sobre o tema, mas não foi o suficiente para impedir a adoção de novas sanções ao país persa pelo Conselho de Segurança.
Internamente, a política externa do governo não é uma unanimidade. Quem é contra diz que o Brasil busca aproximação com outros países emergentes em detrimento das relações com parceiros tradicionais, como os Estados Unidos e a União Européia. O governo alega que abriu um front sem descuidar de outro e que a diversificação de mercados diminuiu a dependência do país em alguns poucos parceiros.
Mas, mesmo gente que discorda da política externa, concorda que Amorim é um diplomata do primeiro time. O fato é que hoje ele está presente em quase todas as grandes discussões internacionais.
O embaixador
Celso Amorim nasceu em Santos, no litoral paulista, em 1942. Ele é funcionário de carreira do Itamaraty, tendo se formado no Instituto Rio Branco, na academia diplomática brasileira, em 1965. O chanceler é casado em tem quatro filhos.
Amorim é um dos únicos remanescentes do ministério original de Lula. Além dele, somente os ministros Luiz Dulci (secretário-geral da Presidência), Jorge Armando Félix (chefe do Gabinete de Segurança Institucional) e Henrique Meirelles (presidente do Banco Central) continuam no mesmo cargo desde o primeiro ano do governo.
Esta é a segunda vez que ele ocupa o cargo de chanceler, a primeira foi entre 1993 e 1994, no governo Itamar Franco.
Dono de uma longa carreira diplomática, Amorim já ocupou diversas funções no Brasil e no exterior. Ele foi, por exemplo, representante do Brasil na ONU e OMC, em Genebra, representante do país na ONU, em Nova York, secretário-geral do Itamaraty e embaixador do Brasil em Londres.
Recentemente, Amorim se filiou ao PT, partido do presidente Lula, mas não vai concorrer a nenhum cargo nas eleições de outubro.