São Paulo – Em uma visita oficial de dois dias a Beirute que começou nesta segunda-feira (14), o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, discute a ampliação das relações diplomáticas e comerciais com o Líbano, assim como a situação humanitária dos cerca de 1,2 milhão de refugiados sírios e palestinos que hoje vivem no País. Vieira chegou ao Líbano nesta segunda-feira após visitar o Irã e participou de uma homenagem a integrantes da Marinha.
Vieira concedeu a insígnia da Ordem do Rio Branco à Corveta Barroso. A embarcação resgatou 220 refugiados à deriva no Mar Mediterrâneo no último dia 4 de setembro à pedido da marinha da Itália. A Corveta Barroso chegou ao Líbano no começo do mês para substituir a Fragata União no posto de navio-capitânia (líder) da Força Tarefa Marítima da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (FTM-Unifil), que o Brasil comanda desde 2011.
O ministro da Defesa, Jaques Wagner, participaria da solenidade, mas não foi ao Líbano porque, segundo informações do Ministério da Defesa, está participando de reuniões ministeriais em Brasília. Ele foi representado pelo comandante da Marinha, almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira.
De acordo com informações divulgadas pelo Itamaraty, o ministro Vieira irá, nos próximos dias, realizar reuniões com o primeiro-ministro libanês, Tammam Salam, com o presidente da Assembleia Nacional, Nabih Berri, e com o ministro dos Negócios Estrangeiros e Expatriados, Gebran Bassil.
Nesses encontros, Vieira irá discutir a ampliação das relações diplomáticas e comerciais entre os dois países e também a situação regional do Oriente Médio e do Líbano. Entre os desafios que o país enfrenta está a acomodação de aproximadamente 1,2 milhão de refugiados da Síria e da Palestina. Antes da viagem do chanceler ao Líbano, a diretora do Departamento do Oriente Médio no Itamaraty, Lígia Maria Scherer, afirmou que o ministro iria ao país árabe com o objetivo de manifestar solidariedade e apoio ao Líbano em seu desafio de receber e acolher os refugiados sírios.
“É uma visita bilateral, para manifestar mais uma vez a importância, a prioridade do Líbano para o Brasil”, disse. “Os assuntos bilaterais, comerciais, culturais também serão tratados. Mas é natural que uma questão do Oriente Médio, do entorno do Líbano esteja muito presente”, afirmou a diplomata.
Ela observou, na ocasião, que o Líbano e o Mercado Comum do Sul (Mercosul), união aduaneira que reúne Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela assinaram no ano passado um memorando de entendimentos para negociar o livre comércio. Já houve uma reunião de negociação para o livre-comércio e outra deverá ser realizada em breve.
Ainda segundo os dados apresentados por Scherer, o comércio bilateral entre Brasil e Líbano cresceu 156% entre 2005 e 2014: de US$ 130 milhões em 2005 para US$ 332 milhões no ano passado. Essa relação tem um superávit de aproximadamente US$ 300 milhões para o Brasil, que exporta, sobretudo, carnes e café. O Líbano, por sua vez, exporta principalmente fosfato ao Brasil.