Casablanca – O ministro brasileiro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, e o ministro marroquino do Comércio Exterior, Abdellatif Maazouz, assinaram nesta sexta-feira (30), em Casablanca, um memorando de entendimentos para criar um comitê bilateral que terá como objetivo promover o comércio e os investimentos.
De acordo com Jorge, o acordo vai facilitar as relações comerciais entre os dois países. "Muitos dos problemas [nas transações bilaterais] passam a ser superados porque começamos a ter uma posição de prioridade, ou privilégio, nessas relações de facilitação do comércio", disse. "Por isso é importante virmos [aqui] ver quais são os problemas e assinar acordos para resolver as questões que impedem o aumento do comércio", acrescentou.
Mais do que identificar entraves, o comitê servirá para identificar oportunidades nas áreas de comércio e investimentos, além de fornecer informações aos diplomatas que negociam atualmente um tratado de preferências tarifárias fixas entre o Mercosul e o Marrocos.
A avaliação do Ministério do Desenvolvimento é de que a agenda desse comitê deverá ser positiva, já que não há muita reclamação dos empresários brasileiros sobre dificuldades nos negócios com o Marrocos. A idéia é que esse fórum de discussão ajude o comércio bilateral a avançar mais rapidamente.
O memorando foi assinado na abertura de um seminário empresarial Brasil-Marrocos, no hotel Golden Tulip Farah, no centro da capital econômica marroquina. O Marrocos é a última etapa da missão comercial ao Norte da África promovida pelo Ministério do Desenvolvimento. Antes, a delegação composta por representantes do governo, de entidades setoriais e empresários, esteve na Líbia, Argélia e Tunísia.
Jorge fez uma avaliação positiva da viagem. "Nossa avaliação é muito boa. Fechamos alguns acordos importantes, que não podemos revelar porque são entre empresas privadas e governos, mas houve, por exemplo, o da Randon no valor de US$ 30 milhões", declarou, referindo-se ao anúncio da fábrica de implementos rodoviários de que fará entregas de pelo menos US$ 30 milhões na Argélia este ano, conforme noticiado pela ANBA na última quarta-feira.
O ministro disse também que foram identificadas oportunidades de negócios importantes em áreas como a construção civil. "É importante a abertura de novos mercados, e o grande diferencial do Brasil é a transferência de tecnologia a custo zero para esses países, como nos segmentos de agricultura, produção de alimentos e mesmo nas grandes obras de construção civil", afirmou.
Jorge destacou que as empresas brasileiras que investem no exterior fazem a capacitação da mão-de-obra e transferem know-how nas áreas de tecnologia e serviços.
Antes de embarcar para o Brasil, o ministro foi convidado para um encontro com o rei marroquino, Mohamed VI, em Fez, uma das cidades reais do país. A capital é Rabat. "Isso coloca o Brasil num outro patamar", declarou Jorge. Segundo ele, não é comum que o monarca receba ministros estrangeiros em visitas oficiais. "É uma referência muito importante", destacou.
Conselho Empresarial
Além do comitê governamental, o presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Salim Schahin, e o secretário-geral da entidade, Michel Alaby, sugeriram a representantes do setor privado marroquino a formação de um Conselho Empresarial Brasil-Marrocos, idéia que foi bem aceita pelo Conselho Geral da Empresas do Marrocos (CGEM), entidade representativa do empresariado local.
"Diversas missões foram realizadas do Brasil para o Marrocos e do Marrocos ao Brasil, mas o comércio ainda é tímido. Devemos realizar mais missões para intensificar o comércio", disse Schahin durante o seminário.
O presidente da Câmara Árabe afirmou ainda, ao responder perguntas da platéia, que os empresários devem ser incentivados a falar com seus governos para a resolução de problemas de logística que atrapalham o comércio, especialmente deficiências nos transportes aéreo e marítimo. Ele ressaltou, porém, que as linhas aéreas a marítimas são estabelecidas por companhias privadas, que precisam vislumbrar oportunidades de negócios para a abertura de novas rotas.