São Paulo – A escassez de oportunidades de investimentos no mercado mundial ajudou as empresas brasileiras a aumentarem as captações externas no começo deste ano. Boletim da Associação Brasileira das Entidades de Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima), divulgado nesta quarta-feira (07), aponta que as captações de dinheiro no mercado de capitais fora do País cresceram 50% no último bimestre frente ao mesmo período de 2011, com US$ 16,8 bilhões.
“O capital é voraz por algum tipo de investimento interessante e o Brasil é hoje um ponto no universo que reluz”, afirma o consultor da Méthode Consultoria Empresarial e professor de Finanças da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Adriano Gomes. De acordo com o especialista, com a falta de perspectivas nos países desenvolvidos, os capitais internacionais, até mesmo do mundo árabe, procuram outros investimentos.
O vice-presidente da Anbima, Alberto Kiraly, afirma que influenciou no aumento das captações externas brasileiras a diminuição da percepção de risco global, em função do melhor endereçamento dos problemas econômicos pela Europa. “A percepção de risco global diminuiu muito e fez investidores procurarem ativos”, afirma, lembrando que neste cenário, o Brasil se destaca em função do crescimento da economia local.
Kiraly lembra que o total captado até o segundo mês do ano já é praticamente 50% de tudo o que o Brasil obteve no mercado de capitais, no exterior, em 2011. Em fevereiro apenas as captações mais que duplicaram, ficando em US$ 11,6 bilhões, segundo dados da Anbima. As ofertas feitas pelo Brasil foram em renda fixa, com emissão de bônus e MTNs, títulos de médio prazo. Elas incluíram emissões do governo, corporações e instituições financeiras.
Além do governo, 16 empresas e bancos buscaram recursos no mercado de capitais externo: Vale, Bradesco, Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Odebrecht, JBS, Braskem, Banrisul, CSN, Petrobras, Votorantim Cimentos, Virgolino de Oliveira (etanol), Minerva, Brasil Telecom e Santander.
O aumento da incidência de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre captações externas, anunciado pelo governo no começo deste mês, não vai afetar essas operações, já que elas são operações de longo prazo, normalmente de cinco a dez anos. Os 6% de IOF que eram cobrados sobre operações de dois anos passou, desde o início de março, a incidir também em contratos com prazo de três anos. Objetivo é inibir ingresso de dólares no País.