São Paulo – Os consumidores brasileiros são os mais otimistas em relação ao aumento de sua renda entre os povos de oito países emergentes. É o que revela a pesquisa “Emerging Consumer Survey”, do Credit Suisse Research Institute, divulgada esta semana. A pesquisa foi realizada em 2011, com 14 mil pessoas em oito países: Brasil, Rússia, Índia e China (que compõem o bloco chamado de BRIC), Arábia Saudita, Egito, Turquia e Indonésia. Na média total de todos os pesquisados, 35% acreditam no crescimento de sua renda familiar. Já no Brasil, a confiança é maior.
De acordo com o relatório, 58% dos brasileiros se mostraram otimistas em relação a suas finanças. “Na média, o consumidor brasileiro espera uma das maiores taxas de crescimento da renda familiar entre todos os países pesquisados. A maioria tem uma expectativa de aumento superior a 10%”, relata o documento.
A pesquisa apontou ainda que o brasileiro não tem o hábito de poupar. Entre os que possuem renda mais alta, apenas 7% da renda familiar costuma ser guardada e mais da metade disse que não poupa dinheiro. Segundo o Credit Suisse, este fato pode ser explicado devido aos brasileiros terem uma forte percepção de que os imóveis são ativos mais confiáveis.
“A intenção de compra de imóveis é maior que em qualquer outro país e aumentou durante o ano. Além disso, 73% dos respondentes esperam que os preços dos imóveis vá aumentar, uma expectativa maior que em qualquer outro país do BRIC.”
Os sauditas também estão entre os consumidores mais otimistas. Na Arábia Saudita, 37% dos respondentes disseram acreditar que sua renda iria crescer nos próximos seis meses. Eles apostam em um aumento de 9% em suas receitas. A alta no preço do petróleo, que em outros países atuou como fator inflacionário, permitiu ao governo do país árabe aumentar seus gastos de forma geral. Segundo o relatório, o governo saudita prometeu gastar US$ 130 bilhões em habitação e criação de empregos este ano.
Ao contrário dos brasileiros, os sauditas costumam poupar mais, cerca de 15% de sua renda. O Relatório Global de Riquezas do Credit Suisse de 2011 estimou que o total de riquezas na Arábia Saudita aumentou de US$ 400 bilhões para US$ 600 bilhões no ano passado. O modo de poupar também é particular: ouro e joias são preferidos ao mercado financeiro.
Na contramão de brasileiros e sauditas, os egípcios são o povo mais pessimista entre os que participaram da pesquisa. O otimismo no país do Norte da África aumentou de 2010 para 2011, mas permaneceu o menor entre as oito nações. Realizada antes da Primavera Árabe, a pesquisa mostra uma evolução de -5% para +8% no otimismo egípcio.
“As pessoas mais pobres e de renda média viram uma melhora da percepção muito negativa de um ano atrás, enquanto os ricos viram um declínio correspondente, tendo sido, possivelmente, os maiores beneficiários do antigo regime”, destaca o relatório.
Um dos principais pontos que afetaram a confiança no Egito foi o preço dos alimentos. A alimentação leva cerca de 50% da renda dos egípcios. Gastos com itens como moda e cosméticos aumentaram, enquanto houve uma retração nos gastos com imóveis.
Entre os demais países pesquisados, Índia e China também apresentaram alto índice de otimismo. Já Turquia e Rússia estão entre as nações mais pessimistas. Além da confiança do consumidor nestes países, o relatório também traz listas de empresas que o Credit Suisse recomenda para investimentos nas bolsas. No Brasil, seis companhias foram indicadas, entre elas estão empresas dos setores de cosméticos, alimentos, bebidas, diagnóstico clínico, construção e programa de fidelidade de clientes.