Marina Sarruf
São Paulo – As empresas brasileiras que estão participando de feiras na Líbia e no Catar fizeram contatos promissores, segundo seus representantes. A trading Latinex, do Paraná, foi procurada ontem (03) por importadores da Líbia e da Argélia interessados em comprar leite em pó, alimentos enlatados, sucos de frutas, balas e biscoitos. "Já fizemos dois contatos que foram muito bons", afirmou o diretor da Latinex, Eduardo Moraes, que está na Feira Internacional de Trípoli, na Líbia.
De acordo com ele, a empresa ainda não exporta para o mercado árabe e o objetivo de participar da mostra é justamente prospectar esse mercado. Além da Latinex, o estande brasileiro, organizado pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira, conta com um representante da Itatiaia Móveis, de Minas Gerais. "A possibilidade de negócios na feira é muito grande. É uma feira bem diversificada", disse o agente de exportação da empresa, Christian Barbosa, que recebeu compradores do Sudão, Tunísia e Líbia.
A Itatiaia Móveis já exporta há cinco anos para o mercado árabe. Além da Líbia, Argélia e Kuwait, a empresa também deverá começar a vender para o Sudão e Emirados Árabes. Segundo Barbosa, a Itatiaia está expondo na feira um armário em aço para cozinha. "É uma novidade que estamos trazendo. A maioria das pessoas aqui conhece os armários de madeira", disse.
Além da linha de cozinha, a empresa mineira produz móveis para dormitório, como camas, armários e cômodas. Segundo Barbosa, os países árabes fazem parte de um mercado estratégico para a empresa. "Estamos focando o mercado africano e árabe, que tem bom poder de compra e um gosto parecido ao dos brasileiros", disse.
Encontro
O vice-presidente de Marketing da Câmara Árabe, Rubens Hannun, e o analista de comércio exterior da entidade, Zein El Abdine, que estão na mostra, se encontraram ontem com o embaixador brasileiro em Trípoli, Luciano Ozório Rosa, e com o ministro conselheiro da embaixada, Alexandre Barboza, e falaram das oportunidades que o mercado líbio oferece.
No encontro, o embaixador falou do aumento da corrente comercial entre Brasil e Líbia após a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao país árabe, em dezembro de 2003, comentou sobre a abertura econômica da Líbia e disse ainda que as empresas brasileiras têm chances, principalmente, nos setores de alimentos e material de construção.
Catar
Em Doha, no Catar, além do estande brasileiro organizado pela Câmara Árabe na Project Qatar, feira do setor de material de construção, a empresa Trade Wind, de Santa Catarina, também participa. Essa é a primeira vez que a trading brasileira participa do evento, em parceria com seu distribuidor no país árabe, a Qatar Tractor & Equipment Co.
A Trade Wind representa duas marcas brasileiras: a Schulz, fabricante de compressores de ar, e a Menegotti, de máquinas e equipamentos para construção civil. "Já temos negócios fechados aqui no Catar com as duas empresas. Os produtos devem chegar em seis semanas", disse o assessor comercial da Trade Wind, Marcos Tamasia.
De acordo com ele, os produtos brasileiros são de boa qualidade e com preços competitivos. "Temos grandes expectativas de fechar negócios na feira", disse Tamasia. Segundo ele, o boom no setor de construção no mercado árabe traz grandes oportunidades para empresas brasileiras. Além do Catar, a trading já exporta há cinco anos para o mercado árabe. Arábia Saudita, Emirados Árabes, Kuwait e Jordânia já contam com distribuidores locais das marcas brasileiras.
O estande da Câmara Árabe, que tem a participação da empresa Vitrolar Metalúrgica, recebeu cerca de 50 pessoas interessadas em companhias brasileiras fabricantes de portas, janelas, pavimentação e outros produtos do setor. À tarde, o estande também recebeu a visita de Julia Nasser, do departamento de relações internacionais da rede de TV Al Jazeera, que tem sede no Catar. Ela foi recebida pelo coordenador de operações da Câmara Árabe, Rodrigo Solano, que está na feira.
"Vim aqui dar algumas idéias para a Câmara, pois quero muito ajudar o Brasil entrar no mercado. A carne e os sapatos brasileiros já estão bem presentes aqui, mas falta divulgação", disse Julia, em português. Ela é descendente de libaneses, cresceu em Foz do Iguaçu, no Paraná, e está há quatro anos no Catar.