Alexandre Rocha
São Paulo – O número de empresas brasileiras que exportam para os países árabes deverá chegar a 1,5 mil até o final deste ano. A previsão foi feita ontem (13) pelo presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Antonio Sarkis Jr., durante encontro com jornalistas na sede da entidade, em São Paulo. De acordo com ele, 1,2 mil companhias venderam à região em 2005, ante mil em 2004.
O aumento da quantidade de empresas exportadoras acompanha o crescimento dos embarques brasileiros ao mundo árabe. Nos primeiros seis meses de 2006, as exportações renderam US$ 2,67 bilhões, um aumento de 21,77% em comparação com o primeiro semestre do ano passado. Em junho somente, as vendas renderam US$ 581,7 milhões, 32,4% a mais do que no mesmo mês do ano passado.
Sarkis acredita que as receitas com os embarques para os árabes vão ultrapassar os US$ 6 bilhões até o final de 2006. "Agora é a hora de fazer negócios com o mundo árabe", afirmou. "Com o petróleo cotado a US$ 75 o barril, nunca estes países tiveram tanta sobra de caixa", acrescentou. Ele lembrou que no ano passado o conjunto das 22 nações árabes exportou o equivalente a US$ 531 bilhões e importou US$ 292,5 bilhões, o que dá um saldo de quase US$ 240 bilhões.
O desempenho se reflete também na diversificação dos produtos. Embora as mercadorias do agronegócio ainda sejam as mais comercializadas, sua participação na pauta caiu de 67% em 2005 para 60% no primeiro semestre deste ano.
Sarkis destacou alguns produtos e serviços brasileiros de alto valor agregado que têm tido grande aceitação na região, como aviões, veículos, autopeças, moda (calçados, roupas e acessórios), construção civil, material de construção, máquinas (inclusive agrícolas), móveis e cosméticos.
Ações
A Câmara tem contemplado alguns destes setores com ações específicas. Algumas delas vão ocorrer agora no segundo semestre, como é o caso da participação na Big5, maior feira do setor de construção civil do Oriente Médio, que vai ocorrer em Dubai em outubro. "Vamos ter um estande de 300 metros quadrados, com muita divulgação na mídia", disse. A Agência de Promoção de Exportações e Investimentos do Brasil (Apex) é co-organizadora do espaço brasileiro.
Paralelamente à feira, o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) quer organizar uma missão comercial aos Emirados. Representantes de empresas do setor já estiveram em Dubai e Abu Dhabi em abril, em uma viagem organizada pela Câmara e pelo Sinduscon-SP.
Construtoras brasileiras, como a Andrade Gutierrez e a Norberto Odebrecht, já estão tocando obras em países como Argélia, Mauritânia e Emirados. "A Líbia também terá investimentos pesados em infra-estrutura e estamos conversando com a embaixada em Brasília para viabilizar a visita de algumas empresas ao país", afirmou Sarkis.
Em parceria com a Apex e a Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel), a Câmara estará também na Index, principal feira do setor de móveis e decoração da região, que vai ocorrer em novembro, também em Dubai. "Na nossa primeira participação na Index, em 1997, tínhamos um estande de 25 metros quadrados. Este ano vamos ter um espaço de 1,2 mil metros quadrados com mais de 50 empresas", afirmou Sarkis.
Para o início do próximo ano, a Câmara, a Apex e a Associação Brasileira de Franchising (ABF) estão programando a realização de uma missão ao mundo árabe com o objetivo de promover marcas franqueadoras. Os setores ligados à moda são o foco principal do projeto. A idéia é seguir o exemplo de companhias que já têm lojas na região, como Arezzo, Hering e O Boticário.
Sarkis espera também, em breve, a criação de vôos diretos entre o Brasil e os países árabes operados pela Emirates Airlines, de Dubai, e pela Qatar Airways, do Catar. "No caso dos navios já está ocorrendo um aumento das linhas diretas, por conta do crescimento da demanda", acrescentou.