São Paulo – Dinheiro e telecomunicações são o negócio do brasileiro Luciano Ferreira. Aos 39 anos, ele é o vice-presidente financeiro para o Oriente Médio e Nordeste da África da Ericsson, empresa sueca de redes e serviços de telecom. Há um ano morando em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, ele é responsável por 23 países, entre eles 16 árabes: Emirados, Arábia Saudita, Catar, Kuwait, Iêmen, Omã, Bahrein, Sudão do Norte, Iraque, Palestina, Síria, Líbano, Somália, Jordânia, Djibuti e Egito.
“Minha equipe fica espalhada em dez dos 23 países e temos como responsabilidade analisar e reportar as finanças operacionais, dos clientes e contratos, definir ações para melhoria da performance financeira, cuidar da qualidade e transparência das finanças”, conta o executivo. Antes de chegar ao Oriente Médio, Ferreira trabalhou na Ericsson do Brasil, uma das mais importantes unidades da empresa no mundo, e também na unidade de mercado da Ericsson na Austrália.
A oportunidade para trabalhar em Dubai veio quando houve uma reestruturação interna na companhia que reduziu as unidades regionais da empresa de 23 para 10. Ferreira, então, voou da Oceania para o Oriente Médio, com pouco conhecimento sobre o mundo árabe, mas muita curiosidade.
“Primeiro, fui para a Turquia, onde tive uma ideia do que era a região. De lá, fui para Dubai, onde tive mais contato com a cultura árabe. Foi uma surpresa boa. Tinha preocupação com a adaptação à cultura, mas quando cheguei ao país e vi que era muito mais bacana, que as pessoas eram abertas, amigas, que te recebiam bem, fiquei muito feliz”, relata.
Dentro de sua área de atuação, que além dos países árabes também inclui Paquistão, Irã, Afeganistão, Sudão do Sul, Etiópia, Eritréia e Turquia, Ferreira atende 50 grandes clientes da Ericsson. Com uma área tão ampla para cuidar, as dificuldades não são poucas. “Os finais de semana de cada país são em dias diferentes. Na Arábia Saudita é de quinta e sexta; no Irã, quarta e quinta. Para você dar conta, tem que trabalhar todo dia. Para fazer uma reunião com todo o meu time, só se for de segunda ou terça. Trabalhar nessa região requer muita dedicação”, explica.
O mercado de telecomunicações da região também é bastante diversificado, diz Ferreira. “Os países variam muito em termos de desenvolvimento. Há uma disparidade muito grande. Há países que têm uma rede mais madura, com mais tecnologia, outros ainda têm muito a desenvolver em sua rede e demandam mais financiamento. É bastante desafiador”, destaca.
Casado e pai de um casal de gêmeos de dois anos, Ferreira diz que foi fácil a adaptação de sua família à nova vida. “Dubai é uma cidade muito fácil para os expatriados. Temos amigos árabes e meus filhos, que estudam em uma escola internacional, falam português, inglês e um pouco de árabe. A melhor amiga da minha filha é do Iraque”, conta. “O custo de vida é muito bom e a qualidade de vida é bem melhor do que a que se tem no Brasil”, completa, dizendo que ainda deve passar mais dois anos no emirado e, depois, seguir para um novo continente.
Em sua rotina de viagens constantes, ele conta que já conheceu Turquia, Omã, Catar, Egito, Irã, Paquistão e Jordânia. O próximo destino? Arábia Saudita, em agosto. Único brasileiro em seu setor, Ferreira diz que não é fácil levar profissionais do País para o Oriente Médio. “A moeda do Brasil está muito forte e os salários dos brasileiros acabam sendo muito altos dependendo de onde você vai alocá-lo.” Mesmo assim, Ferreira convidou um de seus colegas da Ericsson do Brasil para juntar-se a seu grupo, e no próximo mês ganha um reforço nacional em sua equipe na Jordânia.