São Paulo – O Museu de Arte Sacra de São Paulo promove o curso "Arte e Civilização Islâmica: O Império Árabe", de 16 de fevereiro a 05 de abril, em São Paulo. As aulas ocorrerão às terças-feiras e serão ministradas por Plinio Freire Gomes, mestre em História pela Universidade de São Paulo (USP).
O curso irá abordar as principais características da arte no Islã, mostrando como eram as manifestações artísticas no mundo árabe desde antes do advento da religião até as interações ocorridas com a conquista da Península Ibérica. O professor morou seis anos em Damasco, na Síria, e hoje dá cursos de História da Arte em locais como o Museu de Arte de São Paulo (Masp) e a Casa do Saber.
“O tema de cada aula é uma cidade que foi um centro cultural importante no desenvolvimento da civilização islâmica”, explica Gomes. Assim, o aluno irá conhecer o desenvolvimento artístico e social no Islã em diferentes períodos, cidades e regiões, como Petra, na Jordânia, Meca, na Arábia Saudita, Damasco, na Síria, Bagdá, no Iraque, Cairo, no Egito, Al-Qayrawan (Kairouan), na Tunísia, Al-Andalus, atual Andaluzia, na Espanha, e Marrakesh, no Marrocos.
De acordo com Gomes, a arte islâmica tem uma série de elementos estéticos que tornam fácil o seu reconhecimento, como a não representação de pessoas ou outros seres vivos. “As pessoas dizem que é proibido representar imagens, mas não é verdade. O que é proibido é representar a figura do profeta e de sua família”, destaca o professor.
Gomes diz que a ausência de figuras não foi uma opção dos artistas islâmicos, mas segue o preceito da cultura islâmica de que as coisas tangíveis são só aparências e que o artista procura representar a essência, fazendo, para isso, uso da arte geométrica, composta de formas puras.
“Quando a gente enxerga um arabesco, ele é saturante, tem até um efeito hipnótico. Mas aquilo é uma linguagem, aquilo quer dizer algo. As formas estão contando uma história, ela não é ornamental”, afirma Gomes. No curso, segundo ele, os alunos aprenderão como entender estes elementos. “São símbolos que querem ser decodificados porque dizem coisas específicas”, destaca.
Gomes ressalta, no entanto, que no século 8º, durante a construção da grande Mesquita Omíada de Damasco, foram contratados artesãos bizantinos para realizar a decoração do local, no qual foram colocadas formas figurativas. Foi aos poucos, diz ele, que as formas geométricas foram tomando conta da decoração do templo.
Naquele período, conta o professor, também era comum encontrar formas de figuras humanas nos palácios omíadas. “Isso depois foi desaparecendo”, afirma Gomes, explicando que a arte figurativa foi perdendo espaço para a arte religiosa, na qual não se representava figuras. “A arte sacra era mais articulada, mais expressiva do ponto de vista estético”, aponta.
Fora do campo arquitetônico, porém, as figuras não desapareceram da arte nos países árabes. Segundo Gomes, na ilustração de livros, “o elemento figurativo é onipresente”. Como já foi dito, apenas a representação do profeta Maomé é proibida. De acordo com Gomes, essa proibição foi estabelecida “para que não se criasse uma idolatria em relação a ele (o profeta)”.
O historiador explica que em imagens representativas da história do profeta nas quais se vê uma multidão, Maomé é sempre a figura que está com o rosto coberto. “Como ser humano, ele não pode ser idolatrado”, diz, lembrando que, segundo o Islã, apenas Deus deve ser adorado.
Entre as datas mais representativas para a evolução da arte islâmica, Gomes destaca o ano de 711, quando houve a expansão do Islã para a Península Ibérica e também quando os árabes conquistaram parte da Índia. A entrada do Islã em países de língua e cultura berbere, como o Marrocos, também teve forte influência no trabalho dos artistas islâmicos.
Serviço
Curso Arte e Civilização Islâmica: O Império Árabe
Período: de 16/02 a 05/04, às terças-feiras
Horário: 15h às 17h15
Local: Museu de Arte Sacra de São Paulo
Endereço: Avenida Tiradentes, 676 – Luz – Metro Tiradentes
Valor: R$385 (Vagas limitadas)
Inscrições pelo e-mail: mfatima@museuartesacra.org.br
Informações: (11) 5627-5393
O programa completo do curso está disponível no link www.museuartesacra.org.br/pt/acontece