São Paulo – A economia da Tunísia está sob pressão e precisa de soluções para os problemas de desemprego, desigualdades regionais e para reconquistar a confiança dos investidores e da população em geral, após a mudança de regime. A opinião é da diretora gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, que visitou o país nesta quinta-feira (02).
“Nós temos que reconhecer que as perspectivas econômicas para a Tunísia são tensas no curto prazo”, afirmou ela, em Túnis, segundo comunicado divulgado pelo Fundo. “A fragilidade da economia mundial e a recente turbulência nos mercados financeiros globais, por causa da crise na Zona do Euro, estão pesando na economia do país, pois resultam em fluxos menores de comércio, investimentos, turismo e transferências [de tunisianos que vivem no exterior]”, acrescentou.
Para a diretora do FMI, identificar quais são as reformas prioritárias por meio de um diálogo com a sociedade, tendo em vista uma visão ampla da economia local, é “crucial para seguir adiante com a transição” de regime político.
Os protestos populares que eclodiram na Tunísia entre o final de 2010 e início de 2011 marcaram o começo da chamada Primavera Árabe e resultaram na queda do ditador Zine El Abdine Ben Ali e, posteriormente, na realização de eleições.
Lagarde foi a Túnis para saber dos tunisianos como o Fundo pode auxiliar na transição. Ela teve reuniões com o primeiro escalão do governo e do Parlamento, empresários, jovens, lideranças femininas, sindicatos e outros representantes da sociedade civil.
“Essa foi uma grande oportunidade para entender melhor as mudanças profundas que ocorreram aqui desde minha última visita”, disse a diretora. Ela esteve no país no ano passado, após a queda de Ben Ali, mas ainda como ministra das Finanças da França. “Os investidores e a população em geral precisam voltar a ter confiança no futuro da economia, olhar para além das dificuldades de curto prazo e criar as condições para a retomada econômica”, destacou.
Lagarde acrescentou que ouviu dos integrantes do governo os planos para restaurar a confiança na economia e para colocá-la “num caminho sustentável de geração de empregos e crescimento com inclusão”. “O FMI é parceiro da Tunísia e está pronto para ajudar da maneira que os tunisianos julgarem necessário, incluindo assistência financeira”, ressaltou.
Ela disse ainda que o Fundo já está contribuindo com assistência técnica e auxiliando nas discussões sobre como enfrentar a crise econômica internacional e criar um novo arcabouço macroeconômico no médio prazo.