Geovana Pagel
São Paulo – A região de São Luiz dos Montes Belos, em Goiás, está virando referência em mão-de-obra especializada em agronegócio. Desde que o Arranjo Produtivo de Lácteos (APL) foi estruturado, em 2003, foram criados dois cursos técnicos em Bovinocultura do Leite e dois cursos superiores na Universidade Estadual de Goiás: Gestor em Agronegócio e Tecnologia em Laticínios. Também foi implantado um Centro Tecnológico de Leite (CTL) na Fazenda-Escola da universidade.
A implantação do CTL está sendo coordenada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Gado de Leite e já conta, em sua estrutura, com um laticínio-escola que deve ser inaugurado em setembro. "O centro vai servir para treinar funcionários de laticínios e criar novos produtos lácteos como queijos e iogurtes", explica Jesus Camargo da Silva, presidente da Associação de Produtores de Leite de São Luís de Montes Belos e Região (AproLeite).
Segundo ele, os cursos com ênfase em agronegócio representam o caminho para resolver um dos principais problemas dos produtores: a falta de profissionais especializados para qualificar a produção local. "Nós ainda produzimos leite da forma que aprendemos com nossos pais, que aprenderam com nossos avós. Para crescer precisamos de técnicos especializados ajudando a profissionalizar a produção", diz Camargo. Para ele, os cursos já são um dos melhores resultados do APL.
"Já realizamos mais de 20 cursos no meio rural diretamente com os produtores. Nossa meta é sermos a bacia mais organizada do estado de Goiás até 2014", diz.
De acordo com o dirigente, o arranjo foi criado a partir de articulações do governo estadual e envolvimento de outros órgãos e instituições públicas, iniciativa privada e entidades de apoio como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Hoje o arranjo reúne cinco mil produtores de leite, especialmente de micro e pequenas propriedades de dezoito municípios, incluindo São Luiz dos Montes Belos e os outros 17 do entorno. A mão-de-obra ocupada estimada é de mais de 12 mil pessoas.
A produção diária atual é de 424 mil litros de leite. A meta é o aumento de 30% na produtividade leiteira nos períodos de entressafra em 2007 e mais 30% em 2008, inclusive para atender a demanda da indústria de laticínios local que processa, diariamente, 715 mil litros de leite, parte deles trazida de outras microrregiões. Outra meta é, até dezembro de 2008, um crescimento de 16% na receita bruta das indústrias do setor.
Para isso já foram desenvolvidas várias ações, incluindo a área de assistência técnica, uma vez que a ineficiência técnica do produtor é um dos principais problemas.
Outro objetivo é a busca de recursos para colocar em prática as ações definidas pelos integrantes do APL para o desenvolvimento do projeto. De acordo com Benedito Cardoso Laureano, gerente de Desenvolvimento do Oeste Goiano, da Secretaria Estadual de Desenvolvimento de Goiás, já estão definidas pelo menos três ações para as quais o APL buscará recursos junto ao governo federal.
"Uma delas é a implantação de uma assistência técnica e gerencial especialmente desenhada para a atividade leiteira, uma inovação que aproveita a metodologia do Educampo, projeto do Sebrae que oferece capacitação tecnológica e gerencial para grupos de produtores rurais", explica.
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