Randa Achmawi, especial para a ANBA
Cairo – O ministro do Turismo do Egito, Ahmed Al Maghrabi, defendeu, em entrevista exclusiva à ANBA, a promoção do intercâmbio de turistas entre o Brasil e seu país. Para ele, a ação mais importante é a facilitação do acesso por meio da criação de um vôo direto, ou de acordos entre companhias aéreas. "Não temos ainda este tipo de acordo com a principal companhia aérea brasileira, mas esperamos poder fazê-lo o mais breve possível", disse.
O ministro afirmou também que o governo egípcio tem promovido campanha de marketing juntamente com outros países da região para facilitar a venda de pacotes no Brasil. Ele declarou ainda que o Egito tem participado de feiras de turismo voltadas ao público sul-americano.
Al Maghrabi lembrou que o turismo tem um papel muito importante para a economia egípcia, sendo responsável pela geração de 1 milhão de empregos diretos e por um faturamento anual de US$ 6,3 bilhões. O ministro prevê que o setor vai crescer anualmente entre 7% e 10% pelos próximos 10 anos. Leia a seguir os principais trechos da entrevista:
ANBA – Qual é a sua avaliação sobre o atual fluxo de turistas entre o Brasil e o Egito?
Ahmed Al Maghrabi – O intercâmbio entre o Brasil e o Egito não está sendo explorado em todas as suas possibilidades. O número de turistas que se desloca entre os dois países ainda é relativamente baixo e está aquém de nossas expectativas. Pessoalmente, creio que tudo deve ser feito para melhorar esta situação. Para que isso ocorra temos que compreender as razões e conhecer as dificuldades a serem enfrentadas. Para ilustrar essa situação gostaria de lembrar que uma média de 5 mil turistas brasileiros visitam o Egito a cada ano. Este é um número bastante reduzido, se levarmos em consideração que nosso país recebe em torno de 8 milhões de turistas por ano. É claro que este número tão reduzido se explica em grande medida pela distância geográfica que separa os dois países. Este não é, no entanto, o maior entrave. A dificuldade de acesso é, sem duvida, a maior barreira a ser vencida. Nossa companhia aérea nacional, a Egyptair, não mantém vôos diretos ao Brasil. Da mesma maneira que as companhias brasileiras não chegam ao Egito. A viagem tem sempre que ser feita por meio de um terceiro país.
O que pode ser feito para facilitar o intercâmbio de turistas?
Do nosso lado estamos trabalhando intensamente para tentar atrair um maior número de turistas do Brasil. Sabemos, por exemplo, que, por causa do alto custo da viagem, a maior parte dos brasileiros que vem ao Egito gosta de visitar também outros países da região. Desta maneira, numa mesma viagem, a maioria deles prefere também visitar países como Turquia, Grécia e Chipre. Por isso estamos trabalhando numa espécie de marketing juntamente com estes países. Assim as agências de viagens brasileiras poderão vender um pacote que inclui, numa só viagem, a visita a três ou quatro países da região.
Existem outras medidas concretas que poderiam ser tomadas?
No que diz respeito à linha aérea, a Egyptair está estabelecendo acordos com companhias aéreas de outros países para poder estender suas linhas a destinos para onde ela ainda não mantém vôos diretos. Chamamos este tipo de acordo de "interline agreement". Por exemplo, no caso do Brasil, seria possível voar com a Egyptair do Cairo até Madri ou qualquer outra cidade no Norte da África e, em seguida, utilizar a linha aérea do próprio país em questão para concluir a viagem. Não temos ainda este acordo com a principal companhia aérea brasileira, mas esperamos poder fazê-lo o mais breve possível.
Quais outros esforços estão sendo feitos pelo Egito para atrair mais turistas brasileiros?
Para promover o intercâmbio turístico com o Brasil ou outros países da América do Sul, participamos com regularidade da mais importante feira de turismo envolvendo países da região, organizada pela Cotal (Confederação das Organizações Turísticas da América Latina). Este evento é feito a cada ano num país diferente e mantemos sempre nele um pavilhão egípcio. Em 2002 esta feira ocorreu aqui mesmo no Cairo e teve um imenso sucesso. Participamos também de uma feira anual de turismo que ocorre na cidade do Rio de Janeiro. Por fim, nossa Embaixada em Brasília tem também um papel importante na promoção da imagem do Egito, além do dever de tentar facilitar a vinda de turistas brasileiros para o Egito.
Quais são as possibilidades da assinatura de um acordo para promover o turismo entre os dois países?
Na verdade a raiz do problema ainda está ligada à questão das conexões aéreas. Creio que a situação deverá melhorar logo que esta questão for tratada de maneira conveniente. Além disso, posso dizer que nossa experiência já nos provou que os acordos e protocolos são de alguma ajuda para melhorar a situação do turismo, mas o verdadeiro impulso é sempre dado por representantes do setor privado. São eles que geralmente, estando convencidos do valor do "produto", fazem tudo para promovê-lo ou vendê-lo.
O senhor poderia nos descrever o estado da infra-estrutura para o turismo no Egito?
Atualmente estamos em plena fase de crescimento. Temos neste momento 150 mil quartos de hotel em todo o país nas categorias 3, 4 e 5 estrelas, distribuídos entre o Mar Vermelho, Sinai, Cairo, Alexandria, além de Luxor e Aswan, onde contamos também com os barcos que fazem os cruzeiros no Nilo. Mas outros 80 mil quartos de hotel estão atualmente sendo construídos e estarão prontos nos próximos anos.
Qual é a participação do turismo na economia egípcia?
É claro que o setor representa uma parte importante para a economia egípcia, não somente pelo faturamento, mas também porque cria um grande número de empregos. Em 2004 o setor do turismo gerou US$ 6,3 bilhões, o que representa algo em torno de 7% do PIB egípcio. Ao mesmo tempo podemos dizer que este setor emprega de maneira direta por volta de um milhão de trabalhadores, isto sem falar nos que estão ligados a ele de maneira indireta.
Quais são as perspectivas de crescimento?
Nossas perspectivas de crescimento são excelentes e muito acima da média internacional. Esperamos crescer de 7% a 10% anualmente nos próximos dez anos. É interessante lembrar que a média internacional de crescimento na indústria turística é de 3%.
Quais são os principais países de origem dos turistas que visitam o Egito?
O principal país é a Alemanha, com 1 milhão de visitantes anuais; em seguida temos a Itália, de onde vêm 600 ou 700 mil turistas; da Inglaterra também vêm por volta de 600 mil; da França 400 mil; dos Estados Unidos 150 mil. Dos países árabes recebemos por volta de 2 milhões de turistas, mas eles representam somente 20% do total de turistas que visitam o Egito. A grande maioria, ou 70% dos turistas, é originária da Europa.
E quais são, no Egito, os destinos preferidos?
Os destinos mais populares, são, sem dúvida, o Mar Vermelho e o Sul do Sinai. Cerca de 70% dos turistas que vêm ao Egito preferem estes lugares.