São Paulo – O "custo Brasil" mina a competitividade da indústria nacional, mas muitas empresas conseguem romper com essa lógica. É o caso da Avanço/Orizio, companhia de origem italiana, hoje com sede em São Paulo, que fabrica máquinas para o setor têxtil. Os segmentos de bens de capital e de têxteis estão entre os que mais se queixam da concorrência estrangeira, e com razão, pois ambos acumulam fortes déficits em suas balanças comerciais. A Orizio, porém, além de ter um mercado sólido no País, conquista espaço no exterior.
“Mesmo quando a economia do Brasil era mais fechada, nós nunca deixamos de investir em pesquisa e desenvolvimento, para nos manter nos níveis internacionais. Mas isso não era o normal na indústria brasileira”, disse o coordenador de mercado internacional da companhia, Ricardo Rossi.
Segundo ele, a empresa começou a exportar a partir do Brasil em 2005. Em 2007, a participação das vendas externas no faturamento chegou a 7% e hoje está em mais de 11%. “Nossa meta é chegar a 40%”, afirmou ele, em uma época em que poucas fábricas brasileiras arriscam fazer apostas no crescimento do mercado internacional.
O diferencial, de acordo com Rossi, é a inovação, como a máquina sem platina que não deixa marca na malha, o que permite a confecção de artigos mais finos; e outra para tecidos listrados que tece em duas, ou três cores, e pode ser configurada até para seis, enquanto os concorrentes têm apenas a opção de quatro cores. “Temos cinco projetos em desenvolvimento ao mesmo tempo. Não dá para montar uma máquina e ficar com ela durante 10 anos, tem que ter inovação”, declarou.
No exterior, ao abrir um mercado, Rossi se preocupa em formar assistência técnica local, trazendo os profissionais para treinamento no Brasil, para garantir um bom atendimento aos clientes. Segundo ele, tanto no desenvolvimento de produtos, quanto no oferecimento de serviços é necessário saber o que cliente precisa e “fazer um pouco mais”.
A empresa investiu também em automação e no aumento da produção. De acordo com Rossi, em 2003 até 20 máquinas saíam da fábrica por mês, hoje são 50, e há capacidade para 70. “O custo ficou em uma linha de equilíbrio muito inferior, nós nem precisamos vender 50, pode ser muito abaixo disso”, destacou.
Outro exemplo é o da filial brasileira da L’oréal, de produtos para os cabelos. Segundo o diretor de desenvolvimento de mercado da companhia, Rodrigo Miranda, o investimento em inovação é de 5% do faturamento, mais do que o dobro da média do setor de cosméticos. “Para o grupo [L’oréal], entre 82 mercados, o Brasil deve ser o quarto. Inovamos para nos adaptar às necessidades das mulheres brasileiras”, ressaltou.
Ele disse que o mercado brasileiro de cosméticos “cresce mais do que qualquer outro”. A Abihpec estima que será o primeiro do mundo até 2015. “O Brasil é um grande celeiro de inovação, graças também à criatividade brasileira”, afirmou, acrescentando que o País exporta não só novos produtos, mas também serviços desenvolvidos aqui, como a “escova progressiva brasileira”, método de alisamento dos cabelos que não utiliza formol. “A inovação é fundamental e já mostrou que é uma solução necessária para o nosso país”, declarou João Carlos Basílio, da Abihpec.